Realizado em uma região bastante afetada pelos ciclones extratropicais de junho e julho, o festival Moenda da Canção carrega um outro simbolismo em sua 36ª edição. Além da diversidade musical, pela qual costuma se caracterizar, o evento deste ano ganha importância para o estado anímico da população de Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte.
A Moenda deste ano terá início nesta sexta-feira (11) e irá até domingo (13), sempre às 20h, no Ginásio Municipal Caetano Tedesco. A entrada é franca. Desta vez, o festival estará inserido dentro da programação da Santo Antônio em Festa, que abrange também os eventos Feira Nacional da Cana-de-Açúcar, Rapadura, Sonho e Arroz (Fenacan) e 13ª Feira Municipal do Livro — todos ocorrem em paralelo, sediados no mesmo local.
No primeiro dia de evento, haverá apresentação das músicas concorrentes da 2ª Moendinha, competição destinada a jovens divididos nas categorias mirim (oito aos 12) e juvenil (13 a 17). Nessas disputas, os participantes interpretam composições que fazem parte da história do festival – aliás, o acervo de músicas do evento terminou de ser digitalizado este ano, estando disponível no YouTube e Spotify.
Ainda na sexta, haverá apresentação das músicas concorrentes da 12ª Moenda Instrumental. Por fim, haverá show do Quarteto Coração de Potro — formado por músicos de Lages (SC), o grupo regionalista funde diferentes elementos que compõem o rico folclore latino americano, além de trazer influências eruditas e hispânicas.
O sábado (12) será fechado com show da Tambo do Bando, que se notabilizou em festivais regionalistas ao fundir a estética local com o rock e a latinidade. A formação que subirá ao palco contará com Beto Bollo (voz e violão), Carlos Cachoeira (voz e violão), Marcelo Lehmann (voz e piano), Texo Cabral (voz, harmônica e flauta) e Vinicius Brum (voz e violão), além do acompanhamento de Pirisca Grecco, Paulinho Goulart e Duca Duarte.
Antes do show, haverá apresentação das músicas concorrentes da 36ª Moenda da Canção. Este ano, as composições que concorrem no festival abrangem ritmos como milonga, candombe, maçambique, chamamé, samba, choro, entre outros. Conforme o produtor cultural do evento, João Bosco Ayala Rodriguez, a Moenda sempre traz um mosaico de tudo do que se está produzindo na cena musical.
— É um festival aberto a todas as tendências — observa Bosco. — Traz esse cenário da música urbana, não apenas do regionalismo, como outros importantes festivais nativistas trabalham. A Moenda tem essa marca da universalização.
O festival, originalmente, chamava-se Moenda da Canção Nativa. Por conta da diversidade sonora, o evento perdeu o rótulo de “Nativa” a partir de sua 9ª edição, expandindo-se como um festival nacional de música. No entanto, o domingo (13) será um dia para celebrar o regionalismo. Além da apresentação das músicas finalistas e da premiação, haverá show com Cristiano Quevedo e uma homenagem aos 30 anos da 7ª Moenda da Canção Nativa — edição histórica que consagrou clássicos do cancioneiro gaúcho, como Milonga Abaixo de Mau Tempo. O tributo contará com a participação de nomes como Mauro Moraes e Serginho Moah.
— Uma parte do público sentia uma certa ausência do regionalismo, que sempre esteve presentes nas músicas da Moenda, mas sentiam que faltava algo mais. Então, este ano resolvemos redirecionar os shows para algo mais regional — ressalta o presidente da Associação Moenda, Nilton Júnior da Silveira.
Reconexão da comunidade
Para este ano, o Moenda da Canção terá outro significado para além da música — especialmente após os danos que as passagens de ciclone extratropical causaram na região. Bosco destaca que o festival serve também como uma reconexão da comunidade com a própria identidade.
— É uma oportunidade de mostrar que existe sempre uma forma de superação, mesmo em meio às dificuldades — diz o produtor. — Existe um congraçamento de forças da cidade de enxergar a Moenda como uma reflexão.
Silveira realça que a Moenda deste ano é necessária para revigorar o ânimo das pessoas da região, o que inclui Caraá — município vizinho de Santo Antônio da Patrulha que registrou cinco das 16 mortes causadas pelo ciclone extratropical de junho. O presidente da Associação Moenda adianta que a premiação do festival contará com a presença de Roseli Rodrigues Pereira, moradora de Caraá que ficou 36 horas em cima de uma árvore, durante a passagem do ciclone.
— Um gesto simbólico da Moenda para prestar homenagem a essas pessoas. São para nós um símbolo de resistência e resiliência, que inspira em diversas áreas, inclusive na nossa que é a música — aponta Silveira.
36ª Moenda da Canção
Sempre às 20h, no Ginásio Municipal Caetano Tedesco (Rua Bolívia, 71, Santo Antônio da Patrulha). Entrada franca.
Sexta-feira (11)
- Apresentação das músicas concorrentes da 2ª Moendinha
- Apresentação das músicas concorrentes da 12ª Moenda Instrumental
- Show com Quarteto Coração de Potro
Sábado (12)
- Apresentação das músicas concorrentes da 36ª Moenda da Canção
- Show com Tambo do Bando
Domingo (13)
- Apresentação das músicas finalistas da 36ª Moenda da Canção e da 12ª Moenda Instrumental
- Show com Cristiano Quevedo
- Apresentação em homenagem aos 30 anos da 7ª Moenda da Canção Nativa