O Tambo do Bando inicia um novo ciclo neste domingo. Com o show marcado para as 19h, no Teatro Renascença, em Porto Alegre, o grupo marca o encerramento das comemorações de 30 anos de carreira e dá o pontapé inicial para a produção de um novo disco.
Desde 2016, Beto Bollo (voz e violão), Carlos Cachoeira (voz e violão), Marcelo Lehmann (voz e piano), Texo Cabral (voz, harmônica e flauta) e Vinicius Brum (voz e violão) têm realizado apresentações para celebrar três décadas de carreira e promover o álbum duplo Com o Pé no Galpão e a Cabeça na Galáxia (2016), que reuniu os dois trabalhos anteriores da banda – Ingênuos Malditos (1990) e Tambo do Bando (1992).
O Tambo ficou conhecido com uma formação que contava também com o compositor Sérgio “Jacaré” Metz , morto em 1996, e o baterista Kiko Freitas, que atualmente mora no Rio. O que unia os integrantes era a admiração pela musical regional, mas também universal. Juntos, passaram a levar para os festivais nativistas composições e arranjos que fundiam a estética local com o rock e a latinidade – mistura que gerava estranhamento em parte do público e de alguns colegas de palco.
– Nossa rebeldia às vezes era recebida com certo desconforto. E, no nosso ímpeto juvenil, muitas vezes provocávamos de forma deliberada essa reação. Hoje percebo que, apesar de inóspito, aquele ambiente permitiu que a gente se afirmasse dentro dele, mesmo quando a gente mostrava as garras – avalia Vinicius Brum.
O músico observa que a cena musical atual carece de ambientes múltiplos como os festivais regionalistas dos anos 1970 e 1980:
– Apesar de certas resistências, os festivais eram espaços que, paradoxalmente, acolhiam a todos. Hoje os espaços já não são assim. Atualmente, quem faz determinado tipo de música não consegue circular em determinados locais. Está tudo muito segmentado.
Homenagem a Sérgio "Jacaré" Metz
O show de domingo, bem como o futuro disco, homenageia Jacaré, poeta, letrista e autor do romance Assim na Terra, lançado em 1995, um ano antes de o escritor ter a vida abreviada pelo câncer, aos 44 anos. Vinicius tem trabalhado em uma composição inspirada nas palavras e expressões usadas pelo amigo, faixa que poderá entrar na apresentação.
Quem for ao Renascença também poderá conferir canções autorais conhecidas, como Deixem seus Olhos Fixos, Terra, Os Ciganos Vão para o Céu e Ingênuos Malditos. Mais um ponto alto deverá ser a interpretação de Os Homens de Preto, clássico de Paulo Ruschel que ganhou arranjo roqueiro do grupo em 1992.
Já o novo disco, sem data prevista de lançamento, terá letras de Jacaré que circularam em diferentes festivais, mas que ainda não se agregaram a um disco do Tambo do Bando. O álbum também terá trabalhos mais recentes dos demais compositores do grupo.
– Na minha prateleira de vinis, Noel Guarany e Mano Lima convivem com Bob Dylan e Pink Floyd. Costumo dizer que a tradição permanece viva quando ajuda a avançar para o futuro. O Sul sempre foi o ponto de partida do Tambo, mas o ponto de chegada a gente só descobre na estrada. E continuaremos sempre assim – afirma Vinicius.
TAMBO DO BANDO
Domingo, às 19h.
Teatro Renascença (Av. Erico Verissimo, 307), em Porto Alegre.
Ingressos antecipados a R$ 50, à venda até amanhã na Livraria Bamboletras (Rua Lima e Silva, 776) e no site sympla.com.br. No domingo, a bilheteria abre às 18h, com ingressos a R$ 50 e R$ 25 (solidário, mediante doação de um quilo de alimento não perecível).