Ao conversar com o cantautor Aluisio Rockembach, é possível notar que o artista pelotense, apesar de beber na fonte de vários músicos históricos do Rio Grande do Sul, é um crítico do radicalismo que, muitas vezes, impera no cenário nativista local. É com essa proposta, de unir cada vez mais gêneros musicais distintos que Rockembach faz show de lançamento do seu novo disco, Dona Maria, hoje, às 21h, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.
— O público pode esperar uma grande fusão nesse show. O pessoal do rock vai cantar xote, teremos surpresas — adianta o músico.
Na apresentação, Rockembach recebe convidados especiais que comprovam o ecletismo sonoro da sua proposta: Duca Leindecker, Thedy Corrêa, Luiz Marenco e Pirisca Grecco.
— Acredito em música sem rótulos. Ao rotular a música, tu deixa ela previsível. Rótulo é importante para cerveja e vinho. A música é universal, e tem que estar em primeiro lugar, sempre, todo mundo gosta de música boa, independentemente de gênero — afirma.
O disco, que mescla canções instrumentais e cantadas, tem 11 faixas e uma das que mais chamam atenção é a que dá nome ao álbum: Dona Maria foi composta em homenagem à mãe do cantor – mesmo nome, aliás, de um dos principais hits do país no momento, interpretado pelo sertanejo Thiago Brava.
— Mas a minha foi composta antes (risos) — afirma o gaúcho, que decidiu batizar o álbum com a nome da mãe justamente por reunir várias vertentes da música:
— Como eu reuni amigos e caras que eram meus ídolos, achei que esse disco tinha aquele jeito de abraço de mãe, de afago, sabe?
Com Duca, dividiu os vocais em Mundo a Dois, música que perfeitamente entraria em um disco pop da banda Cidadão Quem. Já com Vitor Ramil, gravou Al Sur Tu Purajhei, que começa com um ritmo mais lento, bem no estilo de Vitor, e vai virando um chamamé.
Rockembach, que está acostumado a rodar o interior do Estado com Luiz Marenco, fazendo a direção musical dos shows do parceiro, conta que a aproximação entre gêneros distintos ainda gera crítica na gauchada mais radical. E se mostra incomodado com tais atitudes:
— Estamos tentando unir esse pessoal, mas não é fácil. O pessoal é muito rotulador. São tantos preconceitos ditos da boca pra fora, mas, em casa, eles não falam nada daquilo que dizem na rua.
Rockembach critica ainda a necessidade do gaúcho de se firmar pela força:
— Fui criado no campo, e meus pais moram até hoje na Campanha. E meus avós trabalhavam na lida do campo, todos os dias. Lembro que, cada vez que eu ia cumprimentar meu avô, quase não sentia o aperto de mão dele, de tão sutil que era. Sei lá de onde inventaram esse aperto do gaúcho mais moderno, parece que o cara vai te quebrar o dedo.