Foi a noite que o Theatro São Pedro virou CTG: boa parte do público que lotou a casa foi pilchada – bombacha, lenço, chapéu e bota – assistir ao show Pra o Meu Consumo, de Luiz Marenco, no último sábado. Acompanhado do virtuoso violonista Gabriel Selvage, o cantor tradicionalista levou o folclore do Estado ao palco do teatro.
Em uma apresentação intimista – voz, violão e alguns assobios –, Marenco cantou milongas que marcaram sua trajetória, abrindo o show com a música que dá nome ao show e a um disco, Pra o Meu Consumo, em uma interpretação à capela. No repertório, houve espaço para composições de Noel Guarany (Gaudério) e Jayme Caetano Braun (A Moda Martin Ferro), além de suas canções feitas em parceria com Sergio Carvalho Pereira – como Gaúcho, Sul e Estrelas de Chão. Ressábios contou com a participação do cantor nativista Marcelo Oliveira.
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Mas um dos momentos mais românticos da noite ficou reservado para Estradeiro, faixa do disco Querência, Tempo e Ausência (2006), que é a única letra que Marenco escreveu em sua carreira. A canção é dedicada a sua esposa Marlize, que não pode ir no show – ela é enfermeira e estava de plantão. Como era a primeira vez que interpretaria a música ao vivo, o cantor não queria deixar sua mulher de fora: ligou do celular para ela, que ouviu a apresentação inédita de Estradeiro à distância.
Marenco encerrou o programa do show com Meus Amores, acompanhado do coro da plateia. Mas não foi o suficiente: o público pediu mais.
–Ninguém trabalha amanhã? Estão todos com a vida ganha – brincou o músico, que ainda emendou: – Daqui a pouco vai passar alguém aqui servindo café com bolo frito...
No bis, foi o momento da plateia ecoar o grito sapucai pelo Theatro São Pedro em uma catarse gaudéria com a dobradinha Batendo Água e Cantador de Campanha, encerrando o show e dando uma amostra de por que Luiz Marenco é um dos nomes mais populares da música regionalista gaúcha.