A edição que irá celebrar e refletir sobre os 70 anos da Feira do Livro de Porto Alegre já tem seu patrono. O escritor Sergio Faraco foi anunciado na manhã desta quinta-feira (15), em coletiva realizada pela Câmara Rio-Grandense do Livro.
Nascido no Alegrete, Faraco já foi publicado em mais de 10 países e acumula prêmios, como o Açorianos de Literatura, o Galeão Coutinho e o Henrique Bertaso. Em 2008, ele recebeu a Medalha Cidade de Porto Alegre, como homenagem da prefeitura da Capital.
Ao longo dos anos, o escritor concedeu uma série de entrevistas a Zero Hora falando sobre o passar dos anos, a humanidade e suas fragilidades e, claro, sobre o processo de escrita. Abaixo, leia alguns trechos destes encontros.
O lançamento mais recente do autor é As Noivas Fantasmas & Outros Casos (L&PM), de 2021, que reúne 46 crônicas inéditas. O próximo trabalho de Faraco se chama Digno é o Cordeiro e deve ser publicado pela L&PM um pouco antes da Feira do Livro.
A edição de 2024 da Feira do Livro de Porto Alegre ocorre de 1º a 20 de novembro, na Praça da Alfândega.
"Receio problemas cruciais para a humanidade, como o clima, que serão sobremaneira intensos, agudos, globais, com efeitos certos e deletérios na vida social. Seria muito bom que todos nós pudéssemos viver melhor antes desse enfrentamento decisivo, que pode ser uma longa e triste jornada para o caos e o fim".
"A morte, sendo certa, não precisa estar na ordem do dia e, por isso, não atrapalha".
"São os críticos, os ensaístas e talvez os leitores que veem em meus contos esses temas (solidão e fragilidade) e também outros, como as dificuldades de adaptação dos indivíduos do campo e das áreas justafluviais de fronteira às novas ordens econômico-culturais que o progresso impõe. É o que se diz e posso supor que seja assim, mas quando vou escrever, ou enquanto escrevo, não delibero, e se o fizesse teria muitos problemas e não convenceria ninguém".
"Escrevo histórias e trato de corresponder ao que elas exigem, cada história tem sua própria história. Tanto é que nem sempre sei como ela vai avançar. E escrevo para descobrir".
"Ser exigente é uma obrigação do escritor. Quem escolhe a linha de menor resistência acaba fracassando, não atravessa a ponte e não encontra o sujeito que espera na outra margem, o leitor. Morre afogado".
"A literatura é um meio, não um fim. Mario Quintana explicou de outra forma esse maravilhoso e difícil processo. Ele disse que trabalhava seus poemas para que o espontâneo se tornasse natural".