O jornalista Carlos Redel colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço.
— Quatro editoras no mundo são autorizadas a produzir os quadrinhos da Disney, ilustrando, criando histórias do zero. A Culturama é uma delas — conta Fabio Hoffmann, fundador e diretor da empresa.
A empresa, que nasceu em Caxias do Sul, tem 21 anos de história e começou a sua trajetória como um escritório de representações, incluindo uma empresa de livros — os quais a firma de Hoffman logo começou a distribuir e editar.
Um dos principais detalhes que fez os caxienses se destacarem foi levar os títulos para lojas populares e supermercados, não apenas livrarias. Este tipo de iniciativa fez com que a empresa expandisse a sua atuação para fora do Estado.
— Para se ter uma ideia, hoje, a gente tem um faturamento bem maior fora do mercado tradicional, que são as livrarias. Quando eu digo bem maior, é de 87% fora do segmento específico — detalha Hoffmann.
Foi então que a Disney, vendo este movimento e com a ideia de popularizar os seus produtos, decidisse, em 2015, procurar pelos gaúchos — que rapidamente se tornaram os principais licenciados da marca no país.
A facilidade no processo das vendas, tirando o foco da consignação e as deixando mais diretas que a antiga editora — a Abril —, além da colocação dos produtos em locais estratégicos, atraindo a atenção das crianças para as publicações, deu o match perfeito.
O fundador da Culturama ressalta que as vendas de histórias em quadrinhos conseguiram se equilibrar novamente este ano, após as mudanças no hábito de consumo da população pós-pandemia. E os livros especiais comercializados pela empresa estão sendo fenômenos de procura:
— O cinema está indo muito bem, impulsionando. Nós vendemos, por exemplo, só de um livro de Divertida Mente, um total de 245 mil exemplares. É um número absurdo para o mercado brasileiro. E o produto da Disney, que sempre foi considerado caro, a gente consegue ter um preço popular, lucrando no volume de vendas.
Reconhecida nacionalmente
Para atender esta demanda, a Culturama, de acordo com Hoffman, traduz 37% de histórias vindas de fora do Brasil e produz o restante, ou seja, 63%, do zero. Assim, boa parte dos produtos que são comercializados são oriundos no país — mais especificamente, no Rio Grande do Sul. Na área dos quadrinhos, as aventuras de Zé Carioca são totalmente idealizadas nacionalmente.
A Culturama, além da sede administrativa em Caxias — onde "tudo gira em torno" —, a empresa ainda conta com um centro de logística e um escritório comercial em São Paulo. Além disso, existe um braço de papelaria, com produção de cadernos, sediado em Itajaí, em Santa Catarina.
No total, são 32 funcionários diretos e "muita gente" terceirizada, como as que fazem parte do editorial, de tradução, diagramação, separação de produto e de embalagem. Há impressão de conteúdo na China e na Índia, que conseguem atender à demanda.
— Me orgulho muito da Culturama. É uma empresa gaúcha muito forte no cenário nacional, muito respeitada. E fez um trabalho muito diferente e que, hoje, inclusive, é copiado por várias editoras. Mas quem abriu esse caminho de sair da livraria, de fazer um modelo diferente, foi a Culturama — finaliza Hoffmann.
Além das histórias da Disney, a empresa caxiense ainda possui as licenças de marcas como Marvel, Star Wars, Turma da Mônica, Baby Shark e Naruto. No total, apenas em 2024, mais de meio milhão de HQs foram vendidas. Uma potência.