O jornalista Carlos Redel colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço.
Criada em Caxias do Sul, em 2008, a Editora Belas Letras está marcando território no mercado nacional ao se consolidar como uma das principais da área a trazer para o Brasil livros inéditos sobre bandas e músicos internacionais. Estão em seu catálogo obras, por exemplo, sobre The Beatles, Rush, Guns N' Roses, Led Zeppelin, Jimi Hendrix e Elvis Presley.
Mas, antes de virar esta referência no que diz respeito à música internacional, o CEO da empresa, o jornalista Gustavo Guertler, tentou ir por outros caminhos, como o do esporte, lançando obras sobre futebol destinadas às crianças — muitas delas assinadas por artistas musicais. Foi aí que a relação se estreitou, principalmente com Humberto Gessinger, que assinou o livro sobre o Grêmio.
Com o ex-Engenheiros do Hawaii, além da obra infantil, foram outras quatro em parceria com a Belas Letras que, então, entrava de vez no universo musical — mas ainda brasileiro —, deixando de lado o esporte, que já estava sendo amplamente abraçado por outras editoras. No meio da transição, veio também o best-seller O Papai é Pop (2015) que, segundo Gustavo, já está perto do milhão de cópias vendidas.
Mas este é um ponto fora da curva da trajetória da editora que, apesar do sucesso da obra, não trabalha para repetir o feito, conforme conta o CEO:
— A gente vem trabalhando com a ideia contrária do modelo de best-seller. Queremos ser mais nichados, mesmo. O Papai é Pop foi ótimo. É claro que, entre vender um milhão de livros ou não vender, a gente prefere vender, mas o nosso modelo é mais voltado à ideia de publicar de fã para fã.
O ponto de virada para a empresa enveredar para a música internacional de vez e ser percebida pelo mercado editorial como referência foi com a obra Ghost Rider – A Estrada da Cura, de Neil Peart, baterista da banda Rush, trazido ao Brasil em 2014. A partir de então, uma década atrás, a Belas Letras começou a investir cada vez mais na área, prospectando e sendo procurada por agentes literários mundiais para serem a porta de entrada de livros inéditos no país.
Quase artesanal
Com um ticket médio girando em torno de R$ 160, as publicações da Belas Letras — são 237 títulos ativos no catálogo —, de acordo com Gustavo, estão entre as mais caras do país, mas ele justifica o preço:
— Fazemos um trabalho quase artesanal com o livro, tentando colocar ele em uma outra prateleira para o leitor. As publicações, assim, valorizam o fã de determinada banda ou de determinado filme. E o leitor tem uma percepção de que vale aquele valor que a gente está pedindo, porque estamos trazendo uma experiência diferente.
Sim, o cinema é uma novidade na Belas Letras. Recentemente, a editora trouxe para o Brasil títulos abordando a obra de Quentin Tarantino e Tim Burton, em edições caprichadas, além de estar lançando A Ciência de Interestelar, de Kip Thorne. A ideia é expandir ainda mais as ofertas para os fãs de cinema — uma biografia de Stanley Kubrick e um livro sobre Blade Runner - Caçador de Androides (1982) estão na fila.
Com uma equipe de 12 pessoas espalhadas pelo Brasil, a Belas Letras, hoje, terceiriza boa parte de sua operação, focando na parte editorial e no marketing, com a sua logística instalada em Osasco, em São Paulo. Porém, o CNPJ, parte das gráficas que imprimem os livros e o CEO da empresa seguem em Caxias do Sul.