O jornalista Carlos colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço.
E se um vigilante começasse a percorrer as ruas da região central da Capital fazendo justiça com as próprias mãos? Trata-se de herói urbano, que se assemelha ao Batman, da DC Comics – só que gaúcho. Criada por dois jovens de Campo Bom, o roteirista Djeison Hoerlle e o ilustrador Braian Malfatti, ambos de 24 anos, a história em quadrinhos O Vigilante do Centro Histórico – Volume 1 está em processo de pré-venda.
As compras podem ser feitas na plataforma Catarse, a partir de R$ 25. As entregas começam já em setembro. Depois, a ideia da dupla é levar as HQs para serem comercializadas em eventos de cultura pop, como a ComicCon RS, que ocorre nos dias 28 e 29 deste mês, em Canoas. O prefácio é de Lucas Reichert, do canal Aprofundo Ideias, e a edição é de Guilherme Smee.
A história criada por Djeison e Braian é um neo-noir que acompanha as investigações de um jovem jornalista, Arthur, que passa a investigar quem é o vigilante mascarado que está combatendo células neonazistas que começam a crescer em Porto Alegre. Porém, a narrativa faz questão de colocar o foco em como a opinião pública e a imprensa reagem ao personagem, que utiliza métodos violentos para proteger a população. E é muito interessante ver locais como o Theatro São Pedro sendo reimaginados para uma história em quadrinhos.
Como nasceu o vigilante gaúcho
– A ideia surgiu da intenção de pegar o gênero de super-herói como uma superfície, mas tentar brincar com a mídia de heróis e subverter ela, trazendo para uma proximidade maior da gente, não só na localização, mas também na questão de temas sociais. E Porto Alegre é uma cidade bem ambígua. Ao mesmo tempo em que tem uma cena cultural legal, também tem um forte conservadorismo – conta Braian.
Para os acostumados com HQs, a inspiração dos traços veio da obra do quadrinista norte-americano Frank Miller, autor da lendária Batman: O Cavaleiro das Trevas (1986). E, nas redes sociais, O Vigilante do Centro Histórico já está sendo chamado de "Demolidor porto-alegrense", devido à estética e ao modo de atuar.
– Queríamos que o visual do personagem mostrasse que ele não é um herói rico, que pode fazer um traje supertecnológico, coisas assim. A ideia era que o traje dele fosse a coisa mais simples possível, como se alguém colocasse um abrigo e remendasse de alguma coisa só para não ficar reconhecível – explica o ilustrador.
O material foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo (LPG) para poder ser tirado do papel – ou melhor, para ser colocado em um. Com o incentivo cultural, no total, os artistas vão conseguir imprimir 700 cópias da história em quadrinhos. A ideia da dupla é lançar o Volume 2, a conclusão da saga, no ano que vem.
Além de O Vigilante do Centro Histórico, a dupla também teve outro projeto contemplado pela LPG: o livro de contos Café Delgado e Outros Etarismos, presente no mesmo link do Catarse para pré-venda. Com 1.200 cópias garantidas, a obra foi editada por Daniel Galera e com prefácio de Rafael Gallo.