Quem nunca pensou em largar tudo e cair na estrada para conhecer lugares e culturas distantes, como a gente vê nos filmes? Mas e a coragem? E a saudade da família? E a grana? Como viabilizar uma aventura do tipo sem falir?
A porto-alegrense Marina Guaragna, que você vê sorridente e carregada de mochilas em uma das fotos acima, conseguiu realizar o sonho e, ao lado do parceiro de vida, William Ritt (o Will), tornou-se nômade digital. Ela é uma viajante do mundo e um fenômeno nas redes sociais, com mais de 1,1 milhão de seguidores.
Conheci Marina e Will em uma gravação do Perimetral Podcast, o programa que tenho o prazer de apresentar com o meu amigo Paulo Germano. Nossa equipe de produção, formada por três divas (Rafaela Knevitz, Laura Borges e Kizzy Abreu), conseguiu uma brecha na agenda de viagens do casal, em uma breve passagem pela terrinha. Foi um baita papo.
Economista de formação, com mestrado em Economia Sustentável, Marina contou que, após a conclusão do curso, os dois tomaram a decisão conjunta de entregar as chaves do apartamento e trabalhar de forma remota, de qualquer lugar no globo. Isso mesmo: sem paradeiro fixo, sem casa, sem CEP, sem contas de luz e água para pagar.
Desde então, os roteiros de “mochilão” pelo planeta viraram realidade.
Foi numa dessas aventuras, na Índia, que o perfil de Marina no Instagram (@marinaguaragna) viralizou. Em março de 2023, sem maiores pretensões, ela postou um vídeo experimentando comida de rua indiana. As cenas agradaram e, do nada (na verdade, graças ao talento e a dedicação deles), o número de seguidores saltou de cerca de 3 mil (“só conhecidos de Porto Alegre”) para 120 mil, 260 mil, 500 mil, 700 mil, até chegar à marca atual, que segue aumentando.
Os dois logo perceberam que poderiam largar tudo e viver da produção de conteúdo online (no YouTube, por exemplo, canais com grande engajamento ganham por número de visualizações e, no Instagram, com publicidade, a partir da parceria com marcas). Isso ocorreu em junho de 2023.
De lá para cá, a dupla se dedica 100% às redes, narrando em detalhes suas visitas a países fora do circuito tradicional, principalmente na Ásia. O segredo do sucesso é a escolha de locais menos conhecidos e a forma de abordagem, sem preconceitos e sempre com pautas interessantes e curiosas.
— A gente não conta países. Conta experiências — resume Marina, com o típico sotaque de quem viveu parte da vida na capital gaúcha.
E como é não ter endereço próprio? A viajante diz que eles dormem onde houver vaga (em hostels, hotéis ou apartamentos de temporada) e que, apesar de ser cansativo arrumar e desarrumar malas, gostam de viver em trânsito e nutrir a expectativa de sempre conhecer algo novo — como da vez em que estiveram em um povoado isolado chamado Malana, no topo de uma montanha na Índia, onde é proibido tocar nos moradores nativos.
No momento, não pensam em parar. A última viagem (à China) durou cinco meses. A próxima, cujo destino é mantido em sigilo, já está programada. Enquanto isso, eles aproveitam para curtir a família e os amigos e matar a saudade. Sabe do que eles mais sentem falta? De algo bem brasileiro: o nosso feijão com arroz!
Permietral Podcast
Acompanhe todos os episódios do Perimetral Podcast no canal de GZH no YouTube ou nas plataformas de áudio. O programa com a Marina entra no ar na tarde da próxima sexta-feira (6).
Dica
Se você se interessa por viagens, vai por mim, leia o livro Quem é a estrada? (editora Vienense, 256 páginas), da jornalista e escritora gaúcha Fernanda Pandolfi. Ela deu a volta ao mundo em 270 dias e conta de um jeito muito especial como foi viver essa aventura.