O jornalista Carlos Redel colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço.
Filmes antigos nas mais diversas mídias, séries de televisão, livros, revistas, máquinas de escrever, aparelhos telefônicos, fitas k7, CDs, vinis e, até mesmo, os curiosos LaserDiscs, que não vingaram. Tudo isto — e muito mais — pode ser encontrado em um único lugar: a Twin Video, espaço que fica localizado na zona norte da Capital — especificamente, na Avenida João Wallig, 73.
Criada há 33 anos pelo casal Francisco, 58, e Denise Franco, 54, como aposta de vida meses após se casarem, a loja passou pelas mais diversas fases do home video, do VHS ao blu-ray, sendo, além de uma revenda de filmes, uma locadora. Com o passar dos anos, o foco mudou. Hoje em dia, o espaço é uma referência para colecionadores. De vários tipos.
Em seus 250m², divididos em dois andares, a Twin Video, atualmente, abriga cerca de 300 mil itens, com preços que partem de R$ 2 e vão até o valor que alguma raridade possa vir a custar — é possível que passe do milhar. Além disso, o empreendedor aceita itens na troca, aumentando o seu estoque e diversidade para os frequentadores.
— Vem gente do Estado inteiro comprar aqui. Tenho clientes de Santa Catarina, São Paulo, Brasília. Pegam o avião e veem comprar aqui, porque não vendo pela internet — conta Francisco.
Sim, apesar de postar as novidades nas redes sociais, a loja não vende online. Não adianta insistir. Tem que ir até a Twin Video. E o sócio da casa garante: é a melhor decisão, pois acredita que não daria conta da demanda caso abrisse este novo meio de comercializar os seus itens.
— No sábado, por exemplo, o estacionamento fica lotado. Fazem fila para entrar na loja — garante, caminhando pela loja de calça de moletom e chinelo de dedos, como se estivesse em casa.
Curioso
Francisco, que toca a Twin, atualmente, com a esposa e seus dois filhos — Fernando, 21, e Ana Carolina, 23 —, salienta que, apesar de ser grato aos seus clientes, não compreende a lógica de se ter várias edições do mesmo disco, do mesmo filme.
— Acho que é o consumismo. A gente acha estranho ter cinco, seis versões de Blade Runner, mas é nostalgia, tem muita gente que curte. Uma galera que compra somente VHS. Acho curioso. Eu mesmo não vejo muitos filmes — confessa o empresário.
Para ele, o streaming não atrapalha o seu negócio, visto que o seu público quer é ter os itens em casa, muitas vezes, sequer tira do lacre. A ideia é possuir aquilo que ama — edições duplas em VHS de Titanic (1997), por exemplo, chegam na loja e já são vendidas.
E, para Francisco, mesmo que a maioria das empresas de mídia física tenham parado de fabricar filmes sejam em DVD ou em blu-ray, pouco importa:
— Nós não temos preferência por itens novos. Na verdade, quanto mais antigos, melhor.
E, entre as raridades da loja, no segundo andar, uma peça se destaca: um vinil de Pedro Ernesto Denardin, o Cantando o Rio Grande, que, segundo o próprio, é de 1987, e traz, na capa, o narrador da Rádio Gaúcha pilchado. Ah, a peça está autografada. É item de colecionador.