O jornalista Carlos Redel colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço.
João Weingartner, 41 anos — conhecido como John Weing —, e sua filha, Joana, 6, já são figurinhas carimbadas nas feiras e antiquários da Capital. O que era um programa incialmente só do pai, que desde 2008 adora garimpar consoles e jogos antigos para a sua coleção, foi absorvido pela pequena. Ambos, então, uniram-se para a missão: encontrar raridades eletrônicas.
Hoje, na casa da dupla, no bairro Glória, há um pequeno museu com itens que estão no mercado desde antes mesmo do próprio John nascer — uma destas raridades é o folclórico cartucho do jogo E.T. the Extra-Terrestrial (1982), da Atari, que teve milhares de cópias enterradas em um deserto no Novo México, nos Estados Unidos, após o fracasso nas vendas. Uma lenda urbana.
No total, John e Joana, em suas andanças — e pesquisas pela internet — já possuem 20 consoles distintos em casa, mais de 300 jogos, com algumas peças bem difíceis de serem encontradas. Para o pai, jogos que marcaram a sua infância são os seus xodós, como o Xardion (1992). Para a pequena, porém, é o jogo da Barbie Super Model (1993) que domina a sua preferência. Em comum, ambos os games são para o console Super Nintendo, favorito da dupla.
A sala dos Weingartner conta com consoles que vão desde Atari e Master System, passando por um X-Box 360 personalizado do R2-D2 e um Gamecube laranja exclusivo para o mercado japonês, até os mais recentes, como o Playstation 5. Os mais antigos, ligados em uma televisão de tubo, daquelas bem pesadas, que chega a envergar o móvel em que está acomodada.
— Sempre tentamos buscar o mais barato, o mais em conta, para fazer uma coleção saudável. A Joana me acompanha nos garimpos desde quando aprendeu a caminhar — explica John, todo orgulhoso.
Porém, um item chama ainda mais atenção que os vários videogames antigos: um fliperama, daqueles enormes, que eram comuns nos anos 1980 e 1990. E, ali, John e Joana disputam altas partidas, entregando vários combos épicos — e a pequena leva a melhor com frequência. É nostalgia para o pai e um mundo novo para a filha, que não esconde a felicidade de dividir aquele momento com John.
E, dentro a ideia do consumo saudável, o colecionador conta que, para não tirar dinheiro do fluxo da casa onde vive, também, com a esposa, Kelly Cartana, 37, ele começou a comprar e revender jogos e consoles. Assim, a coleção vai se tornando autossustentável — e somando novos itens.
Enquanto John vem abrindo espaço, também, para filmes em VHS — já tem uma pilha em casa — e para vinis com trilhas sonoras de filmes — já tem uma caixa —, Joana passou a buscar brinquedos nas feiras, como Monster High, Barbie e Furby. Não são da sua época, mas, para a pequena, que aprendeu a valorizar o que veio antes dela, a alegria se resume a um passeio em uma tarde sol com a família.
— Eu gosto de caçar na Redenção — garante Joana, enquanto joga o seu Super Nintendo com o pai, mergulhada no mundo dos 16-bits. Ao seu lado, uma TV de tubo, 14 polegadas, personalizada das princesas da Disney, passa uma fita de O Rei Leão (1994) no videocassete que está conectado nela. Visitar os Weingartner é como mergulhar nos anos 1990.