Toda semana, um jornalista do Grupo RBS irá compartilhar na seção O que Estou Lendo a sua paixão por livros por meio de dicas do que estão lendo no momento.
Em uma de suas citações mais famosas, o historiador britânico Edward Gibbon afirma que a História pouco mais é do que "o registro dos crimes, loucuras e desventuras da humanidade". Uma boa parte desse desvario compõe sua monumental obra Declínio e Queda do Império Romano, um clássico lançado em seis volumes no final do século 18 que o jornalista americano Dero Saunders fez o favor de resumir para o leitor moderno em um único livro.
O texto primoroso de Gibbon desmente, em parte, sua própria citação. Embora o autor detalhe como a potência romana esmaeceu sob o peso de sua própria grandeza e narre a crueldade e a insanidade de alguns de seus imperadores — a exemplo de Cômodo, que inspirou o personagem de Joaquin Phoenix no filme Gladiador —, reconhece o mérito de nomes como Marco Aurélio (pai de Cômodo) e as virtudes civis e militares que moldaram uma civilização ímpar.
Vale a pena ler (ou reler) a obra de Gibbon à luz do cenário atual, moldado por uma mesma sensação de decadência e desintegração do Ocidente diante do surgimento de novas forças no Oriente. O britânico acreditava que a civilização que ele confessava admirar terminou de ruir diante do avanço "da religião e da barbárie" — temas que também podem apresentar alguma familiaridade para o leitor do século 21.
Declínio e Queda do Império Romano
- De Edward Gibbon.
- Editora Companhia de Bolso.
- 608 páginas.
- R$ 69,90.