Há exatos 20 anos, em 19 de maio de 2000, estreava nos cinemas brasileiros o longa Gladiador, de Ridley Scott. O épico, com duas horas e meia de duração, apresenta o ator Russell Crowe como o romano Maximus. Ele impressionou o público e a crítica com sua atuação, como ressalta o cartaz da época. "... Um filme que entusiasma não só pelas cenas grandiosas, mas também pelas interpretações...", é o grifo utilizado, da crítica de cinema Isabela Boscov.
Na trama, o gladiador é um ex-general a serviço de Marco Aurélio (Richard Harris), relegado à posição de escravo pelo filho do imperador. Cómodo, inclusive, é interpretado por um nome bem conhecido do público em 2020: Joaquin Phoenix. O personagem é até hoje lembrado pela cena em que move o polegar, para cima ou para baixo, para definir o destino dos gladiadores.
Inspirada na história romana, a obra de Ridley Scott, no entanto, toma várias liberdades com a realidade. A mais flagrante delas é que, apesar dos imperadores terem existido, Maximus, o personagem principal, é pura invenção do roteiro. Mas essa é só uma das peculiaridades de Gladiador.
Sem roteiro e quase sem Russell
Pode ser difícil imaginar Gladiador sem pensar imediatamente em Russell Crowe. O ator, no entanto, quase recusou o papel. Em entrevista à revista norte-americana Variety, ele contou que leu o roteiro e achou que não era um filme.
Em sua defesa, já foi revelado que o script contava apenas com 21 páginas quando as filmagens começaram. A média para um longa é de 110.
— É a forma mais estúpida de fazer um filme — declarou Crowe, em entrevista a BBC.
Entre risadas, ele ainda contou que ele e Scott desenvolveram o roteiro juntos, sendo que, às vezes, eles não sabiam o que iriam gravar no dia seguinte.
Selvageria no set
Mas as emoções nas gravações não se resumiram à falta de roteiro. O tigre que contracena com Russell no longa não foi adicionado digitalmente, foi um animal real que participou da produção. Também em entrevista a Variety, Ridley Scott comentou o caso:
— (O tigre era) um grande garoto, do rabo ao nariz, mais de três metros. Tínhamos dois garotos com uma corrente controlando ele. Quando Russell dizia: "Ok, pode soltar" e caia para trás, o tigre saia do buraco e Russell saia do caminho. E ele dizia "essa foi por pouco", ao que eu respondia "Nós estávamos aqui, Russell".
Estatuetas e bolas na traves
A obra foi mais uma bola na trave de Ridley Scott, quatro vezes indicado ao Oscar de diretor, incluindo Thelma & Louise (1991), Falcão Negro em Perigo (2001) e Perdido em Marte (2015). Aqui, no entanto, a obra dele levou a estatueta de melhor filme.
A produção também conquistou os prêmios de melhor ator (Russell Crowe), figurino, mixagem de som e efeitos especiais. Naquele ano, competiram com o longa obras como O Tigre e o Dragão, de Ang Lee, e Chocolate, de Lasse Hallström.
Outro que ficou no "quase" foi Joaquin Phoenix, indicado a melhor ator coadjuvante. Ele ainda concorreria a estatueta por Johnny & June (2005), O Mestre (2013) e Coringa (2019), quando conquistou o Oscar.
Leilão do divórcio
Russell não se desfez de seu Oscar, mas não teve tanto apego a outras conquistas dos sets de Gladiador. Em 2018, ele decidiu leiloar a armadura que usou no filme, entre outros itens pessoais, para pagar as despesas do seu divórcio com a cantora e atriz australiana Danielle Spencer.
Intitulado "Russel Crowe: a arte do divórcio", o leilão foi realizado em Sidney, na Austrália, e teria entusiasmado os fãs do ator. O diretor-geral da Sotheby's Australia, Gary Singer, disse ao canal de televisão Channel Seven que as vendas superaram as expectativas. A armadura, com valor estimado entre 20 e 30 mil dólares australianos, foi vendida por 125 mil, o equivalente a cerca de R$ 323 mil na época.