A autora japonesa Rie Kudan, vencedora de um dos mais prestigiados prêmios de literatura de seu país, admitiu que cerca de 5% de seu romance foi escrito com o ChatGPT, uma ferramenta de inteligência artificial (IA) que, segundo ela, permitiu a ela liberar o seu potencial criativo.
O surgimento, em 2022, do ChatGPT, um robô de IA capaz de escrever um ensaio em questão de segundos, levanta preocupação sobre o possível impacto em diversos setores, inclusive nos livros. O último romance da autora, Tokyo-to Dojo-to (A Torre da Compaixão de Tóquio, em tradução literal) recebeu o Prêmio Akutagawa na quarta-feira (17). Em sua análise, o júri declarou que a obra era "tão perfeita que era difícil encontrar defeitos nela".
Durante a cerimônia, porém, Kudan, 33 anos, admitiu que usou "todo o potencial da IA para escrever este livro", com "cerca de 5%" das frases "geradas por IA". A inteligência artificial é um tema recorrente no livro dela, cuja história se passa em uma Tóquio futurista em torno de uma torre-prisão, concebida por uma arquiteta incomodada com a sociedade.
Kudan explicou que falava frequentemente com a IA e que lhe confiava seus pensamentos mais íntimos. As respostas do ChatGPT inspiraram alguns diálogos no romance.
A autora disse querer ter "boas relações" com a IA e "liberar (a sua) criatividade" com a ferramenta.
