Para o humorista porto-alegrense Marcito Castro, 41 anos, a Feira do Livro de Porto Alegre — que ocorre até 15 de novembro na Praça da Alfândega — ajudou a formar o seu espírito leitor, resultando em quem é hoje: um ex-professor de História que agora vem conquistando os palcos Brasil afora.
Para celebrar a tradicional festa literária da Capital, GZH publica a série Feira da Minha Vida, na qual convida personalidades que contribuem para a cultura do Rio Grande do Sul a compartilhar lembranças de edições que marcaram suas histórias. Nesta terça-feira (7), Marcito recorda a lembrança "mais genuína e pura" que tem do evento, sucedida em 2004, quando o patrono era Donaldo Schüler.
— Foi o ano em que comprei acho que 40 livros, pedi dinheiro para a minha mãe e o meu pai, e a minha namorada me deu um livro de aniversário. Foi o ano em que mais me deslumbrei, estava muito envolvido com leitura e escrita. Foi como se eu tivesse ido na antiga Superfestas, uma loja que não existe mais, fiquei feliz da vida. Comecei a ir sempre a partir dali, a ter um envolvimento muito grande com leitura, aquilo me mudou muito. Desde então, sempre que posso, compro livros, independentemente do que faça, estou sempre lendo um livro — conta.
Marcito ressalta que tudo o que agregou em seu trabalho, incluindo os seus textos e piadas com observações do cotidiano, vem do que acumulou da leitura. O humorista percebe um movimento atual de bombardeio de informações por meio das redes sociais e da mídia — e sente falta ao perceber que a leitura vai ficando de lado à medida que o conhecimento vai sendo adquirido de outras formas, com informações mais resumidas em textos coloridos, imagens, filmes e séries.
— A Feira do Livro é um marco, um bastião de resistência do antigo que não é antigo, é presente, e não pode perder isso. Agradeço muito à Feira por essa possibilidade da leitura na minha vida, porque ela traça tudo, acompanhando tudo o que falo, converso, faço, 2004 foi um ano emocionante na Feira, porque ali começou o Marcito leitor, voraz. Cheguei a ler quatro, cinco livros em uma semana em uma época em que estava estudando — recorda.