Ainda não comprou o presente do amigo secreto? Ganhou um vale e não sabe o que escolher? Sobrou uma grana do 13º? Seus problemas acabaram: aqui está uma lista com 18 dos melhores quadrinhos lançados em 2018.
Entre inéditos e alguns relançamentos dignos de nota, dá para fazer uma pequena volta ao mundo – há gibis do Brasil, do Canadá, da Espanha, dos Estados Unidos, da França, do Japão e até de Singapura. A viagem também pode ser no tempo: da “pré-histórica” Bedrock à futurista Shangri-la. Escolha seu destino e embarque em uma jornada por vezes exasperante, em outras, espiritual, mas sempre – na minha opinião, claro – estimulante.
A Arte de Charlie Chan Hock Chye
O malaio Sonny Liew criou um autor fictício para rememorar a história política da próspera Singapura e refletir sobre fazer quadrinhos. O resultado é genial: na teoria e na prática, ele demonstra o poder de síntese e de transmissão de ideias de um gibi e suas múltiplas camadas de leitura. Pipoca e Nanquim, R$ 69,90.
Angola Janga
Em uma obra monumental (são 400 e tantas páginas), Marcelo D’Salete nos embrenha em um dos períodos mais vergonhosos da história brasileira: o da escravidão. Saiu no finalzinho de 2017, mas "fez carreira" em 2018: ganhou o Troféu HQMix e o Prêmio Jabuti. Veneta,
R$ 89.
Beowulf
A lenda do guerreiro que enfrenta o monstro Grendel é pedra fundamental da literatura inglesa. Na HQ, os espanhóis Santiago Garcia (roteiro) e David Rubin (arte) praticamente prescindem da palavra. Investem no caos e no vermelho da violência. Um espetáculo visual. Pipoca e Nanquim, R$ 79,90.
Black Hammer
Exilados em uma tediosa cidadezinha rural, super-heróis que aludem a velhos conhecidos dos leitores do gênero precisam fingir ser pessoas comuns enquanto lidam com suas angústias e suas ambições. De Jeff Lemire e Dean Ormston. Intrínseca, R$ 39,90 cada volume (Origens Secretas e O Evento).
Demolidor nº 15
É a história que os fãs do Demolidor vinham esperando: Charles Soule (texto) explica como a identidade do Homem Sem Medo voltou a ser secreta. A total falta de empatia do vilão, Homem Púrpura, é a antítese dos sacrifícios empregados por nosso herói. Panini, R$ 20,90.
Escalpo
A republicação em volumes de luxo começou no final de 2017, mas o 2 e o 3 saíram em 2018, então, vale! Em uma reserva indígena, Jason Aaron e R.M. Guéra misturam tragédia grega, Shakespeare, policial noir, cinema americano dos anos 1970, fúria e poesia. Panini, entre R$ 97 e R$ 120 cada.
Os Flintstones
O espírito de sátira social do desenho animado está presente, mas o iabadabadú de Mark Russell (texto) e Steve Pugh (arte) é mais melancólico. “Preciso desligar”, diz uma personagem. “Agendei exatamente dois minutos para o meu crescimento espiritual.” Panini, em dois volumes, R$ 24,90 cada.
Guardiões do Louvre
Morto em 2017, o japonês Jiro Taniguchi deixou como uma de suas últimas heranças este belo e contemplativo mangá. Em uma delirante visita ao Louvre, um jovem interage com uma escultura que ganha vida, a Vitória de Samotrácia, e com artistas como Van Gogh. Pipoca e Nanquim, R$ 59,90.
Jeremias: Pele
Eterno coadjuvante da Turma da Mônica, Jeremias ganha o protagonismo para discutir justamente a falta de representatividade. Pelas mãos da dupla Rafael Calça e Jefferson Costa, o menino negro encara o preconceito e o racismo. Obra para empoderar e conscientizar crianças. Panini, R$ 41,90.
Nada a Perder
Thriller emocional com as marcas do canadense Jeff Lemire: a difícil relação entre pai e filhos, a chance de redenção, as cidadezinhas inóspitas, o universo bruto do hóquei sobre o gelo, as idas e vindas no tempo que jogam novas luzes sobre os personagens. Nemo,
R$ 44,90.
O craque de um time tipo Corinthians revela que é gay. A partir daí, Álvaro Campos, Ale Braga e Jean Diaz debatem a homofobia no futebol brasileiro, as ligações entre cartolas e políticos, a conivência de clubes com torcedores violentos, a força dos patrocinadores... Record, R$ 54,90.
Pluto
Em um futuro próximo, os robôs mais famosos do mundo começam a ser assassinados. Assinada por Naoki Urasawa, esta ficção científica entrelaçada com suspense policial e discussão filosófica é o mangá que Philip K. Dick teria feito. Panini, R$ 18,90 cada volume (está no 7 de oito).
Sabrina
O desaparecimento de uma mulher abre a discussão do americano Nick Drnaso sobre o apetite da sociedade pela tragédia, pela fofoca, por teorias conspiratórias e por fake news. Inédito no Brasil, é um quadrinho para o nosso tempo. Drawn & Quarterly, R$ 107,43 (importado).
Que outro gibi consegue, na mesma história, mostrar um pênis ereto, meditar sobre dilemas morais, tirar nosso fôlego e tocar nossos corações? Brian K. Vaughan e Fiona Staples misturam Romeu e Julieta e Star Wars na premiada série que já teve sete volumes lançados no Brasil. Devir, R$ 69 cada.
Shangri-la
A melhor ficção científica usa o futuro para refletir sobre dilemas contemporâneos e não traz respostas, mas faz perguntar: o que eu quero? Somos mesmo assim? Para onde estamos indo? Que não seja para a “sociedade perfeita” retratada pelo francês Mathieu Bablet. Sesi-SP, R$ 89.
Um Pedaço de Madeira e Aço
Ao redor de um banco de praça, sob a condução segura e sensível do quadrinista francês Chabouté, dezenas de personagens encenam, sem palavras, a história da vida humana, com a inevitabilidade da tristeza e o frescor da felicidade. Pipoca e Nanquim, R$ 69,90.
Uma Irmã
O francês Bastien Vivès faz um retrato sincero e comovente do que é ser um guri de 13 anos, esse mundo à parte, um limbo entre infância e adolescência, entre a ingenuidade e a malícia, entre o fascínio do Pokemon e o apelo do par de seios de uma garota mais velha nas férias de verão. Nemo, R$ 44,90.
Visão
As fissuras de um casamento perfeito, as ilusões que criamos para os outros e as mentiras que contamos a nós mesmos: o gibi de Tom King e Gabriel Hernandez Walta é o Beleza Americana dos super-heróis (no caso, o androide Visão, da Marvel). Panini, R$ 40 cada volume (são dois).