A Revolução de 1923 foi o movimento armado em que lutaram, de um lado, os partidários de Borges de Medeiros, que usavam lenços brancos, também chamados de chimangos, e, do outro, os de Assis Brasil, que usavam lenços vermelhos, conhecidos como maragatos. Na Região Norte, os primeiros eram comandados pelo general Firmino de Paula, regresso da Revolução de 1893, famoso por ter promovido o massacre de Boi Preto, onde foram degolados 370 prisioneiros.
A mangueira onde foram executados criou barro com o sangue derramado. Nada impediu, nem a idade avançada, nem o inverno rigoroso, que o general Firmino de Paula saísse novamente para as coxilhas a lutar e liderar cerca de 1,5 mil homens armados.
Vazulmiro Dutra foi nomeado como coronel para organizar o 3º Corpo Provisório, com cerca de 500 homens, na região de Palmeira das Missões. Vazulmiro se notabilizou quando Palmeira foi atacada pelo general Leonel Rocha e Menna Barreto, com uma tropa de 1,5 mil homens. Mesmo numericamente muito inferiorizado, ele resistiu até as últimas consequências. Alguns moradores da Vila, diante do grande volume de tropas inimigas e do prestígio do general Leonel Rocha, famoso caudilho da região, pressionavam Vazulmiro para render-se, evitando uma maior perda de vidas.
Forçado por essas ameaças de rendição, tomou atitude extrema: já que não cogitava se entregar, mandou colocar três prisioneiros que tinha na linha de frente, à vista das tropas inimigas, e os fuzilou. Então, todos entenderam que não haveria mais detidos nesta guerra e que quem se rendesse seria executado, ficando somente com a opção de lutar para sobreviver.
A batalha acabou somente quando os atacantes tiveram que se retirar porque a munição estava terminada. Os confrontos se estenderam até novembro daquele ano, quando foi assinado o Tratado de Paz de Pedras Altas e a tranquilidade voltou a reinar em solo gaúcho. Os corpos provisórios foram dissolvidos, mas, por sua bravura e eficiência técnica, o 3º Corpo Provisório permaneceu na ativa, à disposição do governo federal.
Mais tarde, em abril de 1925, foi encarregado de perseguir a Coluna Prestes. Por longos meses, envolveu-se em lutas, indo até o centro do Brasil. Ao contrário do exército mais elitizado, seus homens, rudes, encontravam nos campos e matos seu meio ambiente e eram incomparáveis neste tipo de luta.
Colaboração do médico Luthero Dutra Martins, autor do livro Vazulmiro Dutra, a História de um Caudilho
