O forte impulso da indústria brasileira, em todos os seus segmentos, deu-se a partir de meados do século passado. Os lares brasileiros abrigaram novos, práticos e úteis produtos para o conforto e o lazer das famílias, que abrangiam de aspiradores de pó e geladeiras a deliciosas balas e refrigerantes. Já rodava nas ruas o curioso e simpático Romi-Isetta, o primeiro automóvel brasileiro, lançado em setembro de 1956.
Os almoços de domingo, e geralmente só nesse dia, eram acompanhados por refrigerantes, como um Grapette, sabor uva, do marcante slogan/jingle “Quem bebe Grapette repete”, ou um Minuano limão, “100% natural”, o primeiro de origem americana, o segundo genuinamente gaúcho, produzido e engarrafado no bairro Vila Nova, em Porto Alegre.
Como nutriente e digestivo, consumia-se o saudável iogurte do Deal (Departamento Estadual de Abastecimento de Leite), ainda sem opção de sabores, somente natural, vendido numa garrafa com formato idêntico ao do leite, mas um tanto menor. O chamado entreposto ocupava uma extensa área entre a Rua Carlos Von Koseritz e a Avenida Dom Pedro II. Depois, o nome foi trocado para Corlac.
Nos bailes de Carnaval, os foliões ostentavam seus lança-perfumes, da marca Colombina, de São Caetano do Sul (SP), ou da Rodouro, produzidos pela Rhodia, e tornavam os folguedos mais divertidos e barulhentos com o som dos estridentes apitos produzidos pela Fábrica de Brinquedos Beija-Flor, de São Paulo. Para as meias furadas, as cerzideiras utilizavam um pequeno e prático objeto de madeira em forma de ovo, no qual as enfiavam para, comodamente, recompor o tecido. A parte interna guardava as linhas e agulhas.
Em tempos de mais uma Copa do Mundo, e lembrando que a narração da primeira conquista da Seleção Brasileira, em 1958, na Suécia, foi apenas radiofônica e, para os gaúchos, na voz inesquecível de Mendes Ribeiro, o pequeno rádio portátil transistorizado Spica, com capa de couro, produzido no Japão a partir de 1957, foi sucesso de vendas e tornou-se companheiro inseparável dos amantes do futebol.
São muitas as coisas que ficaram no imaginário como doce lembrança. Este artigo abrangeu, despretensiosamente, apenas uma ínfima parte. Podemos citar, também, os refrigerantes Crush, Laranjinha, Bingo, o Q-suco, a deliciosa e inigualável manteiga Deal, os reco-recos e as cornetinhas do Carnaval, a galocha, protetora dos sapatos nos dias de chuva, ou automóveis como o Gordini e o Simca Chambord. Lembram?
Espero que tenham gostado.
Colaboração enviada por Guilherme Ely