A experiência adquirida em mais de 15 anos de vida lusitana, Roberta Nardes, 37, de Santo Ângelo, agora coloca à disposição dos conterrâneos que desembarcam em Portugal. Com tanta gente sempre lhe requisitando dicas sobre o país, ela percebeu que dispunha do know-how para abrir o próprio negócio na área, depois de anos trabalhando na produção do Rock in Rio.
A First Class atende, principalmente – como o nome especifica –, um público classe A que deseja passear, celebrar aniversários e casamentos ou se estabelecer em definitivo. A agência oferece desde aluguel de carros até assessoria para compra de imóveis (quem investe a partir de 350 mil ou 500 mil euros, dependendo do caso, obtém o chamado visto gold de residência), passando por roteiros completos para grupos que querem atendimento personalizado durante a estadia.
Há pouco, a gaúcha, formada em Hotelaria, organizou uma semana comemorativa para o aniversário de 43 e 45 anos de um casal que estava acompanhado de 75 amigos. A excursão desfrutou de uma festa em um palácio e de um passeio de barco, com queijos e vinhos, para apreciar o pôr do sol, entre outras mordomias. O preço de programações grandiosas varia bastante, avançando pelos milhares de euros.
Roberta acredita que seu país de adoção mudou muito nos últimos três anos, mesclando a seu tom antigo um toque de modernidade, com hotéis cinco estrelas e restaurantes listados no Guia Michelin.
– O Brasil está tão caro. As pessoas, incluindo os europeus, começaram a ver que, aqui, você consegue viver com menos. E com qualidade de vida. Com cem euros, você vai a restaurantes megabons – constata.
Virar cidade ou país da moda cobra seu preço. A afluência de tantos imigrantes inflacionou o mercado imobiliário, e habitar as áreas centrais de Lisboa encareceu muito. Aluguéis de apartamentos de dois quartos que antes saíam por 600 ou 700 euros pularam para a faixa de 1,1 mil a 1,2 mil euros, o que está obrigando os nativos a se mudarem para regiões mais em conta.
– Para quem ganha 2 mil euros, não dá. O CEO de uma empresa ganha 5 mil euros aqui. Os salários são mais baixos comparados com os do Brasil – diz Roberta.
Logo que chegou ao país, Roberta conheceu o caxiense Raphael Gazzola Giovanella, 42 anos, com quem se casou. Hoje o administrador de empresas, que preserva um forte sotaque gaúcho, é proprietário de uma das três maiores gráficas de Portugal. Eles são pais de Teodoro, dois anos e oito meses, um menino espoleta que os acompanhou em um cafezinho (“É português”, justifica Raphael) durante a entrevista, num sábado magnífico na Torre de Belém, uma das imagens mais emblemáticas da capital portuguesa. Para setembro, Roberta espera uma menina.
– Ela chega no momento ideal. Estamos com uma vida bem tranquila – define o empresário.