Quem lembra do time do Grêmio campeão da Copa do Brasil em 2016 ou da Libertadores um ano depois não tem como esquecer da importância tática e da intensidade de Ramiro. Também é impossível não associar os dois títulos à exuberância técnica de Luan, o Rei da América. Neste domingo (22) eles serão adversários atuando pelo Corinthians. Será natural o torcedor sentir saudades daqueles momentos e de atuações importantes de ambos, mas não se pode vê-los como titulares do atual time gremista.
Por mais surpreendente que possa parecer, Ramiro teve reposição mais demorada do que Luan. O volante tinha uma maneira muito própria de dar segurança ao setor direito de defesa da equipe e atuar também ajudando na articulação. Sua intensidade o transformou numa peça fundamental. A identificação com o torcedor vinha na forma da garra. Era o legítimo "pequeno gigante", conforme definiu certa vez o técnico Roger Machado.
O Ramiro do Corinthians, desde o início do ano passado, nunca reproduziu o desempenho visto no Grêmio. Faltou com os diferentes técnicos que o orientaram um esquema que tirasse dele o que Renato tirou. Houve também lesões e uma queda coletiva do time, refletindo uma instável situação do clube. Enquanto isto, os gremistas viram Alisson crescer de produção, passar a ser um jogador regular e efetivo, dando ao lado direito do meio-campo tricolor um caráter mais técnico e ofensivo, algo que não foi perdido com a sua ausência por lesão.
No caso de Luan, a reposição aconteceu ainda quando ele estava no Grêmio. Após a Libertadores de 2017, a grande estrela tricolor se apagou, sucumbindo a lesões e uma nítida falta de condição física para jogar como um melhor jogador do continente. É este Luan que foi para o Corinthians no início de 2020 e que segue sem mostrar o futebol que o consagrou. Sempre cobrado por uma suposta falta de comprometimento, ele teve em Jean Pyerre uma reposição que o superou em muito quando lançado no ano passado e que agora apenas reafirma que aquilo foi absolutamente justo.
Tanto Ramiro como Luan merecem o respeito e a idolatria da torcida gremista. Eles estão na história recente do clube como parte de um time que virou referência nacional. Ambos foram marcantes, seja pela vibração e entrega ou com o diferencial técnico que por vezes beirou a genialidade. Hoje, porém, nenhum dos dois seria titular deste novo time de Renato Portaluppi.