O próximo presidente do Inter, seja quem for, terá três missões importantíssimas, urgentes e interligadas. Caberá ao sucessor de Marcelo Medeiros equacionar o grave problema financeiro, em grande parte herdado da gestão anterior à atual e que se avolumou muito neste ano atípico; minimizar as fortes disputas políticas que fizeram pipocar movimentos e quebraram até a unidade diretiva; e retomar o caminho de vitórias no futebol. A ordem destas necessidades pode não ser exatamente esta, porque não se sabe o que é causa e o que é consequência entre elas.
A história colorada já mostrou momentos parecidos com este. De uma forma ou de outra, sempre houve soluções. Hoje, no entanto, é mais fácil localizar no maior rival do Inter um exemplo de sucesso para quem enfrentou praticamente as mesmas dificuldades recentemente.
O Grêmio de Romildo Bolzan Júnior é fruto de soluções que hoje se fazem necessárias pelos lados do Beira-Rio. O desafio colorado é ter alguém capaz de fazer o que o presidente gremista habilmente fez.
Sucessor do emblemático Fábio Koff, Romildo se elegeu contra poderosos grupos políticos adversários e contou com outros tantos movimentos em sua candidatura. Tais correntes não desapareceram, mas estão muito menos barulhentas em função de uma administração conciliadora.
Se não uniu totalmente o clube, o presidente o pacificou, criando condições de governabilidade. Desta maneira, foi menos tumultuado o processo de administração das finanças que convivem ainda com a pesada parceria da Arena e que também tiveram dívidas de gestões anteriores a serem pagas.
Estreante na gestão de um clube de futebol, Bolzan pavimentou seu caminho com o retorno de vitórias importantes dois anos depois de ser eleito com o título da Copa do Brasil de 2016, que abriu um ciclo de pelo menos um título por ano até agora.
Examinando o momento do Inter, não se vislumbra algum candidato capaz de imediatamente solucionar o problema político que se tornou a mais dolorida das feridas do clube, agravada por uma eleição fora de hora, em plena disputa do Brasileirão e com Libertadores e Copa do Brasil.
As duas outras soluções, financeira e técnica no futebol, dependem de um calendário e da formação de equipes de trabalho. Se olhar um pouco para o lado do adversário de mais de 100 anos, pode até dar inveja nos colorados que precisam, em menos de dois meses, garimpar uma liderança, elegê-la, apoiá-la e ajudá-la para que haja novamente equilíbrio na gangorra gaúcha.