Há uma feliz polêmica entre os tricolores: "Qual o melhor time gremista da história?". Os que apontam, e muitos o fazem, a equipe campeã do mundo de 1983 estão cobertos de argumentos, embora a formação de Tóquio tenha atuado pouquíssimas vezes, inclusive com mudanças substanciais em relação àquela que meses antes havia conquistado e Libertadores. Os mais contemporâneos podem também apontar o Grêmio atual, o de Renato Portaluppi como treinador, como exemplo pois também chegou ao topo da América e buscou uma Copa do Brasil e encantando o país com seu jeito de jogar. Há, porém, o mais guerreiro dos esquadrões tricolores, aquele que desafiou gigantes, virou marca do clube e, tal qual os outros dois, ganhou a Copa Libertadores da América, a Copa do Brasil e ainda somou um Brasileirão. É o Grêmio de Koff, Cacalo, Felipão e seus jogadores fabulosos, e que neste dia 30 de agosto completa 25 anos de sua maior façanha.
A Libertadores de 1995 comemora neste domingo (30) seu jubileu de prata num dia em que o Grêmio vai a campo com vantagem de dois gols numa final. Há 25 anos, porém, houve um temor desnecessário em relação ao Atlético Nacional de Medellín pelo fato dos colombianos terem marcado um gol em Porto Alegre, mesmo depois de sofrerem três. O atacante Aristizábal estava de volta ao time adversário que começava com o fenomenal Higuita no gol.
Aquela disputa referenda o rótulo de "melhor Grêmio de todos os tempos" porque a campanha foi construída com o Tricolor desafiando lógicas. Entre outras, primeiro ganhou na altitude de Quito do El Nacional, num estratégico horário de meio-dia que deveria favorecer o dono da casa. Mais adiante, aplicou 5 a 0 numa máquina de jogar futebol chamada Palmeiras no Olímpico e vibrou com uma "derrota heroica" por 5 a 1 em São Paulo, mas que valeu classificação para as semi-finais. Desde a montagem do elenco houve lances de maestria e até sorte. Naquela Libertadores o time de Felipão virou referência nacional, seja para o bem ou até para os críticos que, quanto mais secavam o futebol competitivo da equipe, mais viam suas façanhas. Elas aliás durariam até depois da saída do treinador que se despediu com o título brasileiro de 96 e viu Evaristo de Macedo herdar o modelo campeão da Copa do Brasil em 97.
A equipe da Libertadores de 95 já, de saída, era emoldurada em casa por um Estádio Olímpico que jogava junto. A escalação começava por Danrlei no auge de sua adrenalina para defender e até entrar em confusões; Arce, o melhor lateral-direito da história do clube. Tinha Rivarola e Adílson, o segundo Capitão América. Era o time do jovem e equilibrado Roger, de Dinho, craque como volante, símbolo de garra e autor do gol mais bonito e do último da competição. Ainda havia a seriedade com energia de Goiano e com o amalucado e técnico Arílson que entrou muito bem na vaga do machucado Émeson. Por fim, o que dizer de Paulo Nunes e Jardel? Não tinha como perder em Medellín, ainda mais por dois gols.
Até hoje, mesmo com um modelo de jogo eficiente, que também foi referência para o Brasil, mas totalmente diferente daquele, o Grêmio de 95 é saudado. Dos inimigos a lembrança é de respeito. Para os gremistas, recordar remete à alegria e saudade 25 anos depois daquele 1 a 1 no Atanasio Giradot.