Um dos técnico mais vitoriosos da história do futebol brasileiro, Felipão tem seu temperamento tão conhecido quanto a competência e os títulos conquistados. O Grêmio ganhou a primeira partida da final da Libertadores de 1995, por 3 a 1 do Atlético Nacional, da Colômbia, no Olímpico. Porém, o resultado não era suficiente para um treinador ressabiado que tinha visto a goleada sobre o Palmeiras nas quartas de final quase ser revertida.
— Eu entrei naquele vestiário chutando todos os baldes que tinham pela frente, porque deixaram de fazer três ou quatro gols e tomaram um que não podiam. Correríamos sérios riscos, já tínhamos o exemplo. E foi o que aconteceu — relembrou, em entrevista ao Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha dessa segunda-feira (8).
— Os jogadores ouviram o que tu não podes imaginar de palavrão e xingamento. Achei que naquele momento menosprezamos o adversário, não aproveitamos as oportunidades. Por desleixo, concedemos o gol — analisou, exigente.
O temor se confirmou na decisão fora de casa. O Atlético Nacional saiu na frente logo aos 12 minutos do primeiro tempo, com gol de Aristizábal. Um 2 a 0 para os colombianos manteria a taça em Medellín.
O gol de empate que trouxe o título para Porto Alegre só foi possível aos 40 minutos do segundo tempo, quando Alexandre invadiu a área com velocidade e sofreu o pênalti. Dinho converteu a cobrança e garantiu o bicampeonato ao Tricolor.
Criação do elenco
Felipão lembra que montagem do time começou ainda em 1994, ano da conquista da Copa do Brasil. No começo da temporada, o então presidente Fábio Koff garantiu que seguiria com o técnico, mas reduziu as férias dele para 15 dias e ordenou que trouxesse "jovens que tivessem o espírito que o Grêmio sempre teve".
Ele conta que, na época, podia opinar mais sobre contratações. Assim o fez para contar com Rivarola, Arce, Adilson e Dinho. Por outro lado, Jardel e Paulo Nunes, que se apresentou ao clube de chinelos e bermuda, foram convicções do "Dr. Fábio".
— Aquele grupo era muito bom, muita amizade e ambiente maravilhoso. Isso que nos levou a conseguir o título. Foi trabalho, vontade, dedicação e ensinamento, mas também a união foi muito importante — elogia, e conclui com humildade:
— Treinador não ganha. Treinador está ali só para dar uma puxada para cá ou para lá.