Desde que resolveram voltar às atividades, Grêmio e Inter foram modelos para todo o Brasil. Com protocolos rigidamente elaborados e seguidos, se adequaram perfeitamente às determinações das autoridades de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. O que está impedindo a dupla Gre-Nal e outros clubes que seguiram o exemplo de voltarem aos treinamentos coletivos? Simples: o agravamento da situação sanitária no Estado. É justo para quem fez tudo certo e vê coisas como a volta do futebol no Rio de Janeiro, algo muito discutível, para não dizer irresponsável? Não é justo. Mais do que isto, é cruel. Mas é inerente a um momento delicadíssimo e inédito. Estamos diante de uma pandemia.
Seguem acertando os clubes ao buscarem soluções que permitam uma retomada. Não houve até agora nenhum desrespeito ao que é estabelecido pelas autoridades. Sequer a decisão do Grêmio em sair do RS para treinar em Santa Catarina pode ser considerada como insubordinação, tanto que a dificuldade de executar este plano está exatamente na busca de condições sanitárias adequadas aos protocolos que vêm sendo seguido. É um direito de quem tem capacidade econômica para fazê-lo. O problema é que nem todos a possuem. A maioria, aliás, - seja no futebol ou nas outras áreas -, é desprovida de situação privilegiada.
Antes de culpar autoridades, que se mantêm coerentes nas medidas restritivas para todos os ramos de atividade e que há dois meses eram elogiadíssimas, é hora de olhar as atitudes da população. O que explica a não adoção por todos do simples uso de uma máscara para sair à rua? Por que houve gente, enquanto o clima permitiu, indo para a praia “veranear”, ao invés de se distanciar, aproveitando um local mais tranquilo? A Orla do Guaíba lotada sem cuidados, as festas clandestinas, tudo foi documentado, como se fosse um boicote às orientações dos governos. É muito por isto que estamos na situação mais grave da pandemia no Rio Grande do Sul e aqueles que agem corretamente, como a dupla Gre-Nal, se veem cruelmente limitados em suas atividades.
Grêmio, Inter, os demais clubes, a Federação Gaúcha de Futebol e as autoridades estão juntos com a maioria da população. Todos são vítimas, mesmo quem não contraiu o coronavírus. Se submeter aos cuidados passou a ser um exercício de resistência sem prazo certo para se encerrar. É dolorido, mas necessário.