O crescimento rápido da ocupação de leitos de UTI em Porto Alegre por casos de coronavírus não é, como observou o prefeito Nelson Marchezan, motivo para pânico da população. Mas há razões, sim, para preocupação e, seguindo o plano traçado, é correto aguardar a evolução da doença ao longo dos dias para se definirem novos passos quanto à flexibilização de atividades econômicas na cidade. Se os números crescem, o que não é inesperado, pela maior circulação de pessoas nas ruas nas últimas semanas, é mais do que prudente esperar para prosseguir com as medidas de relaxamento. Nas caminhadas seguras, há situações em que manter-se onde se está, observando atentamente o cenário, é o mais sensato para depois não precisar retroceder.
Preocupa a atitude irresponsável de pessoas que não usam máscara e desprezam outros cuidados básicos
Desta forma, o aumento de 38% de pacientes em UTI com diagnóstico de covid-19 confirmados na Capital em uma semana justifica a decisão da prefeitura de manter a cautela e aguardar para autorizar um número maior de pessoas em templos religiosos, a volta dos esportes coletivos e dos cursos livres, por exemplo. É algo que os porto-alegrenses sabiam, pela ampla publicização da estratégia, e há a certeza de que as autoridades não hesitarão em retomar algumas restrições caso o quadro volte a se agravar, o que não se espera.
Também em outros pontos do Rio Grande do Sul há sinais de alerta que devem ser observados com cuidado, para que não se permita o descontrole da doença, ainda que de forma localizada, em algumas regiões ou municípios. O plano de distanciamento controlado do governo gaúcho e a atitude responsável da prefeitura de Porto Alegre são coerentes e sólidos e tentam conciliar a preservação da saúde com a reabertura das atividades, quando for possível. Mas há risco real de retrocesso devido a um maior número de infecções. Eventuais revisões nas decisões de liberar setores, por uma possível aceleração na curva de crescimento da pandemia no Estado, precisam ser compreendidas pela população e pelos empresários, portanto. Afinal, as regras são conhecidas.
O fato de o Rio Grande do Sul estar em uma situação sob relativo controle não significa que esteja isolado em uma espécie de bolha. O quadro delicado em outras regiões do país mostra que o perigo segue à espreita. A chegada do inverno, é preciso ainda ressaltar, eleva a ameaça de os casos se multiplicarem. Preocupa, da mesma forma, a atitude irresponsável de muitos gaúchos que resistem em adotar cautelas básicas ou estão relaxando em cuidados pessoais. É condenável que ainda existam pessoas circulando em locais públicos sem utilizar máscara ou usando-a de forma equivocada, em comportamento reprovável e que pode contribuir para uma indesejável escalada de novos casos se não for verificada uma mudança drástica na conduta de indivíduos que colocam a sua vida em risco e, de forma egoísta, a dos outros. Todos devem fazer parte do esforço para que Porto Alegre e o Rio Grande do Sul não precisem retroceder.