A festa que foi encerrada na noite de quinta-feira (12) pela polícia, no bairro Formoza, em Alvorada, foi organizada pela empresária Marcielle Pires, 32 anos. Segundo denúncia, havia cerca de 60 pessoas no local, contrariando decreto estadual sobre distanciamento social durante pandemia do coronavírus.
Segundo a responsável pelo evento, seu pai, o vereador Júlio Pires (MDB), conhecido como Júlio Bala, que estava sendo apontado como anfitrião do encontro em redes sociais, não tem envolvimento. O parlamentar também nega qualquer relação com a festa.
Agentes da Polícia Civil, da Guarda Municipal e da Brigada Militar estiveram no local para confirmar a denúncia. Segundo relato de policias, havia cerca de 60 convidados, DJ e bebidas alcoólicas.
Ao contrário de outras festas clandestinas, o evento de Alvorada tinha convite com endereço, horário, valor e cardápio. Segundo Marcielle, os próprios policiais, durante a abordagem, estavam perguntando pelo seu pai. Na ocasião, ela afirmou que o parlamentar não estava e que ela era a responsável por toda a organização.
A empresária foi conduzida até a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Alvorada para assinar um termo circunstanciado, relativo a delito de menor poder ofensivo. Segundo o diretor da 1ª Delegacia Regional Metropolitana, delegado Juliano Ferreira, Marcielle responderá pelo crime contra medida sanitária preventiva, conforme o artigo 268 do Código Penal Brasileiro.
Jantar
A empresária nega quase tudo, afirmando que havia apenas bebidas no evento. Ela confessa que tinha um número grande de pessoas para o período de distanciamento social, mas relata que eram cerca de 35 convidados, que havia música ambiental e que era um jantar em sua residência. Segundo a filha do vereador, o encontro foi entre amigos para angariar fundos com o objetivo de recuperar seus negócios afetados pela crise econômica gerada durante a pandemia.
— Foi tudo sem o consentimento do meu pai, era só um jantar para obter dinheiro depois que demiti três funcionários e porque não estou conseguindo pagar boletos. Mas quero tirar qualquer culpa que tenha caído sobre ele. Meu pai não queria e não tem nada a ver com isso, mesmo assim estão chamando ele de tudo nas redes sociais. Não consigo nem ver a cara dele de tanta vergonha. Estou muito chateada — diz Marcielle.
A empresária também gravou vídeo em seu perfil no Facebook explicando o fato depois de que várias mensagens começaram a ser divulgadas nas redes sociais sobre o fato de que o evento teria sido organizado pelo vereador Júlio Bala.
Ferreira diz que os policiais confirmaram que o parlamentar não estava no encontro, que não morava junto com a filha e que, em princípio, não tinha conhecimento sobre a festa. O termo circunstanciado será remetido nos próximos dias à Justiça.
O vereador Júlio Bala disse à GaúchaZH que a casa onde ocorreu a festa não seria dele e sim de sua filha, que mora ao lado. O parlamentar reforçou que não estava na residência quando o ocorreu o evento e que a filha já é uma adulta e deve arcar com seus atos:
— Eu não estava em casa e nem estava sabendo da festa. Minha filha tem 32 anos, não respondo pelos atos dela. Sou legislador da cidade e acho errado isso. Se ela fez algo errado, tem que assumir. Não vou colocar panos quentes.