Um ministro não deve se comportar desse jeito. Erguer o dedo médio com as costas da mão voltadas para frente é uma manifestação vulgar, grosseira e incompatível com o cargo remunerado com o dinheiro público. Foi que o Marcelo Queiroga fez em Nova York para um grupo de manifestantes, mais um vexame da comitiva brasileira que comeu pizza na rua porque não estava vacinada.
O fato de o ministro ter ultrapassado as fronteiras da decência não impede uma análise mais ampla do episódio. Assim como a conduta do ministro é inaceitável, vale o mesmo para o comportamento de uma parte dos manifestantes que esperavam a comitiva brasileira depois do jantar. Não consegui identificar o que era gritado, mas as imagens mostram nitidamente pessoas fazendo, antes, o gesto repetido pelo ministro da Saúde, que jamais poderia ter respondido da mesma forma vulgar.
Protestar é democrático, legítimo e necessário. Xingar e ofender, não. Podemos desaprovar as atitudes de Jair Bolsonaro e de sua equipe. Motivos para tanto não faltam. Mas isso não dá a ninguém o direito de agredir, com palavras chulas ou gestos obscenos. Nem Bolsonaro, nem Lula, nem qualquer pessoa com a qual não concordemos. Para isso, a democracia estabelece o voto e a liberdade de expressão, que bem diferente de liberdade de agressão.