Durante a Segunda Guerra Mundial, 567 militares brasileiros perderam a vida em combates na Europa. Eles faziam parte de um contingente de 25 mil homens que cruzaram o oceano para enfrentar — e derrotar — o nazifascismo. Entre outras ideias, os regimes de Hitler e Mussolini defendiam um modelo de nacionalismo radical e violento, fundamentado em uma suposta superioridade moral e genética de alguns povos sobre outros.
Dos mais de 20 mil brasileiros que voltaram para casa depois da guerra, restam poucos. Taltíbio de Mello Custódio era um deles. Ele faleceu no último sábado, no dia em que completou 104 anos. “Na Itália, participou do maior feito da Força Expedicionária Brasileira (FEB), a tomada do Monte Castello”, relata o jornalista Fábio Schaffner em reportagem publicada no GZH em 29 de dezembro.
Nunca tive a oportunidade de conhecer Taltíbio, mas quero, neste texto, prestar minha homenagem a ele e a tudo o que ele representa.
Guerras jamais são boas. Pessoas inocentes sofrem, a dor e a destruição se espalham. Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, milhões de civis alemães morreram nas cidades bombardeadas pelos aliados. Não devemos deixamos de lamentar por essas vidas perdidas, nem de reconhecer que a culpa por essa tragédia humanitária recaiu, antes de tudo, sobre Hitler e seus seguidores.
Hoje, mais uma vez, o mundo testemunha o choque entre modelos de sociedade, desta vez no Oriente Médio, mas com repercussões globais. Nesse contexto, a trajetória de Taltíbio, nascido em Júlio de Castilhos, no Rio Grande do Sul, merece todo o reconhecimento e aplauso.
É legítimo criticar as guerras e aqueles que lucram com elas. Mas não podemos, em nome disso, cair na armadilha de regimes autoritários e violentos que, disfarçados de "resistência", deixam de explicar claramente a que ou a quem realmente se opõem. No caso do Irã de seus aliados, à liberdade e à democracia.
Mais do que um remédio, há uma vacina contra as guerras: ela se chama memória. Que as lições ensinadas por todos os brasileiros que tombaram na Europa iluminem nosso caminho como um farol ético e moral.
Obrigado, Taltíbio de Mello Custódio, por sua bravura por nos dar a oportunidade de jamais esquecermos.