Se existe um termo surrado e maltratado no debate público atual, ele se chama “liberdade individual”. É impressionante como todos defendem a mesma coisa, mas poucos se dão conta de que a discordância está no “como” e não no “o quê”. E ficam acusando uns aos outros de algo infundado e injusto. No olho do furacão, a vacina, o que a torna a polêmica concreta e compreensível.
1- Para quem defende o direito individual de não se vacinar, o tema diz respeito a ele mesmo. O cidadão pode e deve optar, porque é livre. E ninguém tem nada a ver com isso. Obrigar a se imunizar transforma o Estado e as instituições em entes autoritários e isso é inaceitável.
2- Para quem defende que a vacina deve ser obrigatória, o que está em jogo é o direito individual a não ser contaminado por quem não se vacinou, sem falar nos potenciais altos custos que os não vacinados podem impor ao sistema de saúde público, pago por indivíduos que defendem o direito a não abraçar, compulsoriamente, essa conta.
Os tópicos acima são simplificações de um tema bem mais complexo, que pode ser analisado sob infinitos ângulos políticos, filosóficos, religiosos, concretos ou transcendentais. Mas se conseguirmos deixar de lado os dedos em riste e investirmos na escuta e no convencimento, quem sabe uma que outra ponte seja erguida sobre os abismos.