Nos últimos dias, Luiz Inácio Lula da Silva deu duas demonstrações ao mundo: uma, de arrogância; a outra, de ignorância. Ambas se entrelaçam de forma evidente.
Primeiro, Lula apoiou publicamente a candidatura de Kamala Harris à presidência dos EUA. Lula, naturalmente, pode e deve ter suas preferências — e, neste caso, elas eram evidentes. Mas um apoio público? Para quê? Só há uma explicação: Lula realmente acreditou que sua opinião teria algum peso. Que milhões de americanos, ao saberem que ele apoiava Kamala, reconsiderariam seus votos. Se não for por isso, nada justifica a trapalhada, especialmente em uma eleição acirrada que teve como vencedor justamente o candidato não ungido pelo ego inflado de Lula. O apoio público expôs o Brasil sem necessidade. Por que se intrometer na eleição americana? Consumada a vitória de Donald Trump, Lula foi às redes sociais para parabenizá-lo.
Apesar de suas convicções contrárias a Israel, Lula mal sabe o que de fato ocorreu. E parece não ter o menor interesse em entender
Aposto que Trump nem leu. E, se leu, provavelmente deu uma gargalhada.
Poucos dias depois, Lula concedeu uma entrevista à âncora Christiane Amanpour, da CNN dos EUA. Em determinado momento, voltou a atacar a única democracia do Oriente Médio, citando números fornecidos por um grupo terrorista. E então tentou exibir aquele antigo e surrado falso equilíbrio, afirmando que também fez críticas quando o “Hamas invadiu Tel Aviv”. Levei um susto. Corri para procurar a notícia. Que, claro, não existe. O Hamas não invadiu Tel Aviv, mas sim a fronteira com a Faixa de Gaza, no sul de Israel. Lula se esqueceu de mencionar as dezenas de reféns ainda mantidos em cativeiro pelo Hamas, apoiado pelo Irã — a mais cruel teocracia do planeta, com a qual o governo brasileiro mantém laços estreitos.
O impressionante é que Lula conta com uma dezena de corneteiros ao seu redor, opinando sobre a lamentável guerra iniciada pelo Hamas, na qual vítimas inocentes morrem dos dois lados. Apesar de suas convicções contrárias a Israel, Lula mal sabe o que de fato ocorreu. E parece não ter o menor interesse em entender, preso na bolha radical que o envolve, liderada por Celso Amorim, o amigo das ditaduras amigas.
E assim o Brasil se apresenta ao mundo: arrogante e ignorante, mas cheio de razão.