Justiça é sobre cada um, mas também é sobre todos. Uma decisão de um magistrado em Passo Fundo proibiu um pai não vacinado de visitar sua filha. O entendimento é de que a omissão coloca a criança em risco. Até aí, tudo certo. Só que uma sentença não é uma ilha. A partir dela, surgem alguns pontos interessantes para debate.
1- O que é mais nocivo para um filho: correr o risco de contrair covid-19 ou deixar de ver o pai? Obviamente, nenhuma das hipóteses é boa, mas, levando em conta que crianças em geral não desenvolvem sintomas graves, entendo que a ausência da figura paterna é o pior dos mundos. Ainda mais que, agora esse homem, perante a filha, foi carimbado de “mau pai” pela Justiça.
Um dano irreversível para ambos. Entendo que não se vacinar é um erro, mas ser impedido de ver um filho é um castigo severo demais em um contexto em que os não vacinados andam livremente pelas ruas, lojas, restaurantes e escritórios.
2- Se a Justiça entende que pais não vacinados são perigosos para os filhos, todas as crianças que vivem em lares cujos cuidadores não se imunizaram deveriam ser removidas para lares, ou entregues para adultos imunizados. Se esquecermos a árvore e olharmos para a floresta, não é isso que diz a sentença?