A possibilidade é remota, mas existe. Já há notícias sobre articulações do Centrão nesse sentido. Se Jair Bolsonaro não for candidato, a direita poderá ampliar uma aliança em direção ao centro. Há, no próprio governo, um nome que, com a transferência de votos de Bolsonaro somada a outros setores do eleitorado, teria chances de vitória: Tarcísio Gomes de Freitas, o discreto e eficiente ministro da Infraestrutura.
Para que Bolsonaro não concorra, um amplo acordo seria necessário e passaria, por exemplo pelo desfecho das investigações sobre rachadinhas que envolvem a família. Esse é um dos únicos, senão o único ponto em que o instinto de preservação do presidente é mais forte do que a vocação para o conflito destrutivo.
Há uma outra hipótese que afastaria Bolsonaro da disputa: um eventual acirramento do antagonismo com o Judiciário, com alguma condenação que torne o presidente inelegível.
Se Bolsonaro não concorrer, o discurso de esquerda perderia força, já que hoje, no Brasil, projetos de país foram substituídos pelo antagonismo e a repulsa ao outro lado. Uma eleição sem Bolsonaro ano que vem, é uma possibilidade remota, mas debater e propor cenários não deveria ser motivo para ódio e radicalismo. São ideias. Apenas isso.