Tenho um amigo muito querido que entende muito de política. Já foi deputado, dirigente partidário e aprendeu, com talento ímpar, a observar os movimentos no tabuleiro do poder. Conversamos longamente outra dia sobre futuro e sobre Brasil. Lá pelas tantas, esse meu amigo cravou, convicto: “O Lula não vai ser candidato”. Espantado, perguntei por quê. Ele explicou: “Como vai concorrer se não consegue sair na rua sem ser chamado de ladrão?”.
Obviamente, esse meu amigo não é esquerdista, mas sua previsão faz algum sentido, por esse e por outros argumentos. Lula lidera as pesquisas, mas tem maior rejeição, por exemplo, do que Fernando Haddad. Já defendi, há tempos, a tese de que a saída de Lula da disputa esvaziaria também Jair Bolsonaro, pelo arrefecimento da polarização.
Mesmo assim, disse ao meu amigo que acho improvável uma desistência de Lula. Esse perfil de líder, carismático, personalista e vaidoso, dificilmente renuncia a uma chance de chegar ao poder.
Quando falta um ano para a eleição, de fato, só temos uma certeza: os cenários são voláteis. O que nos cabe fazer, por enquanto, é construir teses e debatê-las, mesmo sabendo que uma simples conversa sobre política, hoje em dia, desperta rancores e ódios. Não são pode obrigar quem não quer conversar a conversar. Paciência.