Correção: O Bastardo foi o filme escolhido pela Dinamarca para tentar uma vaga no Oscar internacional de 2024, e não no de 2025, como publicado entre 0h01min e 20h20min de 12 de setembro. Eu fiz uma tremenda confusão, mas sigo recomendando fortemente este épico que chegou aos cinemas de Porto Alegre.
Potência no Oscar de melhor filme internacional, com quatro vitórias e outras 10 indicações, a Dinamarca quase concorreu de novo em 2024 com O Bastardo (Bastarden, 2023), que chegou a ser um dos 15 semifinalistas da premiação da Academia de Hollywood. O épico dirigido por Nikolaj Arcel e protagonizado por Mads Mikkelsen estreia nesta quinta-feira (12) em dois cinemas de Porto Alegre: Espaço Bourbon Country, às 14h, às 17h30min e às 21h10min, e na Sala Eduardo Hirtz, às 19h30min (sem sessão no domingo e na segunda-feira).
Os dinamarqueses foram laureados no Oscar por A Festa de Babette (1987), de Gabriel Axel, Pelle, o Conquistador (1988), de Bille August, Em um Mundo Melhor (2010), de Susanne Bier, e Druk: Mais uma Rodada (2020), assinado por Thomas Vinterberg e estrelado por Mads Mikkelsen. Nas últimas 18 edições, estiveram presentes oito vezes — concorreram também com Depois do Casamento (2006), de Bier, O Amante da Rainha (2012), outra parceria de Nikolaj Arcel com Mads Mikkelsen, A Caça (2012), mais uma dobradinha de Vinterberg e Mikkelsen, Uma Guerra (2015), de Tobias Lindholm, Terra de Minas (2016), de Martin Zandvliet, e Flee: Nenhum Lugar para Chamar de Lar (2021), de Jonas Poher Rasmussen.
O Bastardo ganhou oito estatuetas no Robert, a premiação da Academia Dinamarquesa, e conquistou três categorias no troféu da Academia Europeia: melhor ator (Mads Mikkelsen), fotografia (Rasmus Videbaek) e figurinos (Kicki Ilander).
A distinção do diretor de fotografia veio acompanhada pela seguinte justificativa: "A cinematografia poética mostra perfeitamente que Rasmus Videbaek sabe exatamente onde avançar e onde recuar. Visualmente poderoso, ele não chama muita atenção para a câmera, deixando à história e aos personagens o espaço que merecem, seja ao trabalhar nas duras charnecas dinamarquesas ou dentro dos alojamentos dos trabalhadores em torno do capitão Ludvig Kahlen e da impressionante mansão do soberano local".
Baseado no romance Kaptajnen og Ann Barbara (2020), de Ida Jessen, O Bastardo se passa na segunda metade do século 18. O protagonista é o capitão Ludvig Kahlen, um herói de guerra orgulhoso e ambicioso, mas empobrecido.
Logo no começo do filme, Kahlen embarca em uma missão quase solitária para domar uma vasta terra inóspita onde aparentemente nada pode ser cultivado: os urzais da Jutlândia, península que hoje compreende a maior parte do território da Dinamarca.
O objetivo dele é cultivar o terreno (o que ele quer plantar é tratado com segredo), construir uma colônia em nome do rei e obter um título nobre. A hostilidade da natureza não será sua única adversária: o jovem hedonista e impiedoso Frederik De Schinkel (Simon Bennebjerg) diz ser dono de toda aquela área.
Tudo conspira a favor nesta ficção histórica. À qualidade na reconstituição de época e no trabalho técnico, soma-se o desempenho do elenco, que inclui, entre os coadjuvantes, rostos conhecidos, como o de Gustav Lindh (de Rainha de Copas), que interpreta o padre Anton Eklund, Amanda Collin (da série House of the Dragon), que encarna uma fugitiva acolhida pelo capitão, e Kristine Kujath Thorp (de Doente de Mim Mesma), na pele de Edel, prima e noiva de De Schinkel. Mads Mikkelsen empresta dignidade e turbulência a seu personagem, um sujeito que, por um lado, tem a obstinação dos homens íntegros; por outro, busca vaidosamente uma ascensão social.
E a duração do filme, pouco mais de 120 minutos, é suficiente para Nikolaj Arcel aplicar ao drama doses de romance, de violência e até de comentário político sobre questões do nosso tempo: a subtrama da menina cigana Anmai Mus (Melina Hagberg), por exemplo, ilustra o recrudescimento da xenofobia na Europa.
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