Quatro dos cinco filmes mais vistos na Netflix nesta quarta-feira (7) são da mesma franquia: Meu Malvado Favorito 3 (2017), que ocupa o primeiro lugar, Meu Malvado Favorito 2 (2013), terceiro lugar, Minions (2015), o quarto, e Meu Malvado Favorito (2010), em quinto. Todos chegaram à plataforma de streaming no início de fevereiro. O vice-campeão é outro desenho animado, Orion e o Escuro (2024).
Turbinada pelas férias escolares, a hegemonia no top 5 reflete o sucesso nas bilheterias. Essa é a franquia de animação com o melhor desempenho comercial, rendendo mais do que títulos da Disney e da Pixar, empresas que são sinônimo de desenho animado. No total, os cinco filmes já produzidos (na Netflix, só falta Minions 2: A Origem de Gru, de 2022) arrecadaram US$ 4,60 bilhões. Meu Malvado Favorito/Minions supera Shrek/Gato de Botas (seis longas entre 2001 e 2022), que soma US$ 4 bilhões, Toy Story (cinco entre 1995 e 2022, quando saiu Lightyear), com US$ 3,27 bilhões, e A Era do Gelo (cinco lançamentos no cinema entre 2002 e 2016), com US$ 3,21 bilhões.
Por outro lado, os xodós do estúdio Illumination e da companhia Universal só chegaram perto do Oscar uma vez, quando Meu Malvado Favorito 2 foi indicado.
Com Meu Malvado Favorito 4 a caminho (a estreia será em 3 de junho), a franquia Despicable Me (o título em inglês) gira em torno do protagonista Gru, de suas adoráveis filhas adotivas e dos ora engraçados, ora enervantes Minions. O sucesso é fácil de explicar — no Brasil, começa pelo nome adotado nacionalmente, que pegou de primeira, assim como os robôs amarelos foram adotados em memes e em neologismos. Na versão original, contou pontos o elenco de vozes com comediantes de peso, como Steve Carell, Jason Segel, Russell Brand, Will Arnett e Kristen Wiig — no nosso país, os principais dubladores são os populares Leandro Hassum e Maria Clara Gueiros.
Gru surgiu como um vilão que queria o que todos queremos, ser motivo de orgulho para a mãe, e aos poucos foi se transformando em um paizão. O ritmo da comédia, entre o pastelão e o sentimentalismo, ornada por pérolas da música pop (como Happy, de Pharrell Williams, do segundo filme, indicada ao Oscar), agrada crianças e adultos — estes últimos também podem se divertir com um punhado de referências.
Aliás, é principalmente para nós, os grandinhos, que acena o bandido de Meu Malvado Favorito 3. Dirigido por Pierre Coffin e Kyle Balda e codirigido por Eric Guillon, o desenho animado nos apresenta a Bathazar Bratt, um megaladrão sem noção vidrado nos anos 1980 — daí que achei genial escolherem Evandro Mesquita, o vocalista da banda Blitz, para dublá-lo no Brasil.
Balthazar é um ex-astro mirim já adulto obcecado com o personagem que interpretava na TV na década de 1980. Tem o cabelo cortado em mullet, usa um bigodão e veste um terno roxo com ombreiras enormes. O suposto gênio do mal rouba um gigantesco diamante — citação do ao filme A Pantera Cor-de-Rosa (1963).
Demitidos da Liga Antivilões por não conseguirem prender esse infame, Gru e Lucy são convidados a visitar Dru, irmão gêmeo que o malvado reformado desconhecia e que mora em um país mediterrâneo em uma baita mansão. A ironia é que, apesar de ser um rico empresário do setor suíno, Dru sonha mesmo é em seguir a tradição familiar e entrar na vilania.
Enquanto isso, agora acenando especialmente para o público infantil, a pequena Agnes procura um unicórnio, e os insanos Minions cometem suas diabruras. A certa altura, pais e filhos devem se flagrar rindo juntos, ou "pior": imitando juntos as dancinhas estilosas de Balthazar Bratt ao som de sucessos cantados por Michael Jackson, Madonna, A-Ha, Nena, Dire Straits, Van Halen e Olivia Newton-John.