Em uma tabelinha com o Globoplay, a Tela Quente desta segunda-feira (6), na RBS TV, vai exibir o primeiro episódio da quinta temporada de Sob Pressão, que estreou no dia 2 na plataforma de streaming. A cada semana, serão lançados dois dos 12 capítulos desse que deve ser o último ano do seriado médico criado em 2017 a partir do filme homônimo de 2016.
Tanto o filme quanto a série são livremente inspirados no livro Sob Pressão: a Rotina de Guerra de um Médico Brasileiro, relato do cirurgião torácico Marcio Maranhão à jornalista Karla Monteiro. Coprodução entre Globo e Conspiração Filmes, o seriado foi desenvolvido por Luiz Noronha, Claudio Torres, Renato Fagundes e Jorge Furtado, com texto de Lucas Paraizo e direção-geral de Andrucha Waddington, o mesmo realizador da versão cinematográfica — que também trazia no elenco Júlio Andrade e Marjorie Estiano, protagonistas da adaptação televisiva.
Se você nunca viu, saiba que Sob Pressão não deve nada aos famosos dramas hospitalares dos Estados Unidos, como Plantão Médico (1994-2009), House (2004-2012) e o longevo Grey's Anatomy (no ar desde 2005). Estão presentes os casos graves que chegam à emergência e os casos românticos que rolam nos bastidores, as incisões e as intrigas, os personagens que transitam entre a vida e a morte e os que mal têm tempo para viver. Até já ganhou prêmios no Exterior — melhor série, ator, atriz e roteiro no Festival Internacional de Produções Audiovisuais de Biarritz, na França, em 2018 —, além de valer uma indicação de Marjorie Estiano ao Emmy Internacional, dos EUA. Não deve nada e tem uma vantagem: fala a nossa língua mesmo, retrata a saúde pública do Brasil, destaca problemas crônicos — a corrupção, a fila dos transplantes, a falta de tudo — e profissionais que se desdobram para dar conta dos pacientes.
Se você vê, sabe que agora os cirurgiões Evandro (Júlio Andrade), Carolina (Marjorie Estiano) e Charles (Pablo Sanábio), a médica epidemiologista Vera (Drica Moraes) e a enfermeira Lívia (Bárbara Reis), entre outros personagens, trabalham em um hospital fictício do Rio de Janeiro, o Edith de Magalhães Fraenkel. O nome foi dado em homenagem a uma carioca pioneira na saúde que ajudou a combater a Gripe Espanhola em 1918. O doutor Décio (Bruno Garcia) dirige a instituição.
E quem já acompanha Sob Pressão também sabe que a tensão costuma ser altíssima na abertura de cada temporada. Vale lembrar que a série iniciou-se com Evandro operando a própria esposa para tentar salvá-la — mas ela morre na mesa de cirurgia. Na estreia da segunda temporada, o médico é sequestrado e obrigado a atender um bandido baleado em tiroteio — na trama seguinte, sua lua de mel com Carolina é interrompida por causa de um paciente. No especial Plantão Covid, em 2020, o casal é chamado às pressas para atuar em um hospital de campanha — onde Evandro termina infectado pelo coronavírus, ficando à beira da morte.
No episódio que a Tela Quente apresenta, a partir das 22h45min desta segunda, os problemas de Evandro são mais de ordem pessoal. Tanto é que, no segundo capítulo, ele desabafa com Carolina:
— A gente merecia ter mais tempo para cuidar da nossa vida.
Aliás, essa será a tônica em 2022, como já adiantou o roteirista Lucas Paraizo: os médicos também ficam doentes, também enfrentam perrengues fora do ambiente de trabalho. Assim, um vai lidar com o alcoolismo, o outro descobrirá que tem câncer, um terceiro terá de decidir se cabe em sua vida um relacionamento amoroso. Evandro, como visto na estreia, será impactado pelo reencontro, após mais de 20 anos de afastamento, com o pai, que agora sofre de Alzheimer. Heleno, o personagem, é interpretado por Marco Nanini, em seu primeiro papel desde a novela A Dona do Pedaço (2019).
Mas é claro que o bicho vai pegar no trabalho. O primeiro episódio começa literalmente com uma explosão, ocorrida em uma fábrica de fogos de artifício. Ambulâncias vão lotar o Edith de Magalhães, trazendo feridos como os gêmeos Davi e Michel, ambos encarnados por Lázaro Ramos e um em estado mais crítico do que o outro. Entrementes, Charles precisa conviver com um residente mais preocupado com o próprio umbigo do que com os pacientes. Essas duas situações e os demais casos do dia possibilitam que Sob Pressão equilibre cenas emocionantes com diálogos que versam sobre temas como o sucateamento da saúde pública, a ética médica e as particularidades de um enxerto de pele.
Um reparo vale ser feito: exceto nas salas de cirurgia, médicos e enfermeiros não usam máscara. É um contrassenso da ficção em relação aos protocolos de segurança hospitalar adotados na pandemia — e ainda não abandonados pelas instituições de saúde. O assunto já havia despertado polêmica na quarta temporada, quando os personagens apareciam com o rosto ora protegido, ora descoberto. A salvaguarda era um aviso dizendo que a série se passava "em um futuro próximo". Nos dois primeiros episódios da quinta temporada, sequer há menção sobre a covid, que teve a média móvel de casos mais do que dobrando em um mês no Rio Grande do Sul e que segue obrigando cidades como Xangai, na China, a confinar meio milhão de pessoas.