A segunda onda da variante Ômicron no Rio Grande do Sul faz a média móvel de novos casos de covid-19 mais do que dobrar em um mês, provocando alta similar também nos registros de hospitalizações e de mortes pela doença. Nesta terça-feira (31), o Estado registra média móvel diária de 4,9 mil novos casos – uma alta de 118% ao longo de 30 dias. Em 1º de maio, o RS tinha média de 2,2 mil casos ao dia.
Uma das dificuldades de análise do atual momento da covid-19 são os problemas recentes de inclusão de casos no sistema do Ministério da Saúde, destaca a epidemiologista Suzi Camey, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
— A gente está vivendo um momento parecido com janeiro deste ano, mas ainda não tão forte. A gente tem o problema de represamento de casos nos últimos dias porque teve um problema no Ministério da Saúde. No momento, não há muitas ações para frear (o contágio), mas parece ser um pouco mais fraco do que em janeiro, com reflexos nas hospitalizações e óbitos — aponta Suzi.
No fim de janeiro, no auge da contaminação, o Rio Grande do Sul contabilizou média móvel de 17.974,7 casos ao dia. Esse foi o pico de contágio desde o início da pandemia.
Mortes mais do que dobram, mas seguem abaixo de picos anteriores
No início de maio, o Rio Grande do Sul registrava média de 5,6 mortes por covid-19 ao dia – um dos melhores momentos em número de óbitos da série histórica. Ao longo de maio, contudo, o Estado viu o indicador de óbitos subir, batendo a média atual de 13 mortes ao dia. A alta em um mês é de 132,1%.
Se nenhuma medida adicional for adotada pelo poder público e encampada pela sociedade, a tendência é de seguir crescendo o número de casos pelas próximas três ou quatro semanas, aponta a epidemiologista Suzi Camey. Na esteira dos casos, devem seguir subindo pelas próximas semanas as internações e mortes.
A principal recomendação da epidemiologista é o uso de máscara em ambientes fechados, nos quais há risco maior de contaminação.
— Se nada for feito, a tendência é entrar junho com casos subindo e, no fim de junho, os dados começarem a cair novamente — acrescenta Suzi.
Da mesma forma como ocorreu na primeira onda da Ômicron, em janeiro, o registro de óbitos é menor do que nas ondas de 2021 e 2020 – quando havia uma parcela menor de vacinados ou quando a vacina ainda não estava disponível. A diferença de letalidade antes e depois da vacinação da maioria da população pode ser observada nos gráficos de casos e mortes.
– São os reforços de sempre: quem tem fatores de risco e os mais idosos precisam se resguardar, precisam ter mais cuidado, tomar todas as doses disponíveis de reforço. Esse é um dado concreto: as pessoas têm pego (a covid-19), a grande maioria não precisa de hospitalização, e a vacinação é o que tem permitido isso – destacou Suzi.
Atualmente, 53,9% da população gaúcha está vacinada com a dose de reforço.