Em uma sociedade que exalta padrões de beleza quase inalcançáveis, a busca pelo chamado corpo perfeito pode se transformar em uma armadilha perigosa. Um estudo publicado em fevereiro de 2023 na revista Jama (Journal of the American Medical Association) revelou que 22,3% dos jovens entre seis e 18 anos apresentam algum tipo de transtorno alimentar, como anorexia ou bulimia.
Entre as meninas, a prevalência chega a 30%, contra 17% entre os meninos. O levantamento compilou 32 trabalhos de 16 países, envolvendo mais de 63 mil crianças e adolescentes.
Os números levantam uma reflexão: até que ponto os ideais de beleza podem ser considerados como uma espécie de milagre? Ou eles se tornam um fardo que compromete as saúdes física e mental? Na maior parte dos casos, os transtornos alimentares estão relacionados a questões psíquicas, mas também são influenciados por fatores sociais, principalmente os ligados à imagem corporal e à pressão estética.
— A pressão social e cultural desempenha um papel central no desenvolvimento desses distúrbios — explica a psiquiatra Janine Marques Rodrigues Conceição, médica cooperada da Unimed Porto Alegre.
Segundo ela, essa imposição é alimentada por ideais midiáticos e históricos que enaltecem corpos magros e marginalizam outras formas corporais, podendo desencadear ou agravar condições como anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno de compulsão alimentar periódica.
No Brasil, a Associação Brasileira de Psiquiatria estima que 15 milhões de pessoas possuam algum distúrbio alimentar. Esses dados preocupantes acendem um alerta sobre a saúde mental de jovens e adultos e reforçam a importância de compreender as causas e os impactos desses transtornos, que podem desencadear ou intensificar quadros de depressão, ansiedade e isolamento social.
— Eles têm um impacto profundo em diversos aspectos da vida do paciente, como relacionamentos interpessoais, desempenho no trabalho e autoestima. Sob a perspectiva psiquiátrica, eles podem desencadear ou intensificar problemas emocionais e sociais, criando um ciclo de dificuldades que agrava ainda mais o quadro clínico — ressalta Janine.
Frente aos riscos e aos impactos que os transtornos alimentares podem causar, é importante ficar atento aos sinais para saber o momento certo de buscar ajuda médica.
Fique atento aos sinais
- Mudança na alimentação: restrição alimentar extrema, recusa em comer em público, preocupação excessiva com calorias e recorrência por diferentes tipos de dietas
- Alteração na imagem corporal: comentários negativos em relação ao próprio corpo, afixação com espelhos e fotos e distorção da real imagem corporal
- Comportamento de purgação: vômitos autoinduzidos, uso excessivo de laxantes e recorrência de problemas digestivos e intestinais
Ao perceber estes sintomas, é indicado a busca e o acompanhamento médico adequado para cada um dos quadros clínicos.
Fonte: Janine Marques Rodrigues Conceição, psiquiatra e médica cooperada da Unimed Porto Alegre
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