Elysium (2013), filme que a RBS TV exibe neste domingo (13), no Domingo Maior, foi a porta da entrada do ator brasileiro Wagner Moura nas produções de Hollywood, após seu sucesso como o Capitão (e depois tenente-coronel) Nascimento em Tropa de Elite (2007), vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim, e Tropa de Elite 2 (2010), eleito um dos cinco melhores longas estrangeiros daquela temporada pelos críticos estadunidenses.
Trata-se de uma ficção científica escrita e dirigida pelo sul-africano Neill Blomkamp, que sacudira o gênero em 2009 com Distrito 9, pelo qual concorreu ao Oscar de melhor roteiro adaptado. Em cartaz a partir das 23h25min, Elysium transporta a luta de classes entre pobres e ricos a um futuro apocalítico e traz no elenco Matt Damon, Jodie Foster, o mexicano Diego Luna e a brasileira Alice Braga — que contracenara com Wagner em Cidade Baixa (2005) e já havia estreado no mercado internacional.
O filme imagina o mundo em 2154, quando os multimilionários fogem da Terra, arruinada e superpovoada, e se instalam na estação espacial Elysium, onde tudo é luxo e prazer. Max (Matt Damon), um ex-prisioneiro exposto acidentalmente a uma dose letal de radiação na fábrica onde trabalha, precisa chegar à estação para acessar uma máquina que cura todas as doenças em segundos. Mas a "ministra da Defesa" do local, Delacourt (Jodie Foster), não hesita em disparar contra os veículos cheios de imigrantes clandestinos que se aproximam e deportar os que conseguem chegar.
O papel de Wagner Moura é o de Spider, um contrabandista que transporta pessoas ilegalmente para Elysium.
— O convite surgiu porque Neill Blomkamp é fã do Tropa de Elite — contou o ator baiano em entrevistas. — Tanto Distrito 9 quanto Tropa de Elite são filmes bastante populares e políticos, como também é Elysium. Prontamente aceitei, o personagem é muito bom, dúbio. E nunca tinha feito filme em outra língua. Falo inglês, mas uma coisa é falar, outra é atuar em uma língua estrangeira.
Depois de Elysium, Wagner participou da antologia Rio, Eu te Amo (2014) e fez Trash: A Esperança Vem do Lixo (2014), rodado por Stephen Daldry e Christian Duurvoort no Rio de Janeiro antes de se dedicar a seu grande trabalho internacional: o papel do traficante de drogas colombiano Pablo Escobar (1949-1993) nas duas primeiras temporadas da série Narcos (2015-2017). O personagem valeu a ele uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator.
A partir dali, contudo, o brasileiro diminuiu o ritmo de sua carreira no Exterior. Em 2017, no programa Conversa com Bial, justificou:
— Nego um monte de coisa que Hollywood me chama para fazer. Nós, latinos, somos o grupo mais sub-representado em Hollywood. Só 5% dos personagens são latinos, e aparecem estereotipados. Quero produzir conteúdo lá e lutar contra esses estereótipos.
Mais tarde, Wagner faria Wasp Network: Prisioneiros da Guerra Fria (2019), do francês Olivier Assayas, e Sergio (2020), do estadunidense Greg Barker, cinebiografia do diplomata brasileiro Sergio Vieira de Mello (1948-2003), morto em um atentado a bomba em Bagdá, capital do Iraque. Hoje, às vésperas de completar 45 anos (em 27 de junho), prepara-se para lançar em novembro, no Brasil, sua estreia como diretor de longas, Marighella, e está escalado para atuar ao lado de Elisabeth Moss na série policial The Shining Girls, que estreia em 2022 e é uma adaptação do romance Iluminadas, de Lauren Beukes. Também foi anunciado que protagonizará Sweet Vengeance, um dos próximos projetos do veterano Brian De Palma.
O longa-metragem seguinte de Blomkamp foi Chappie (2015), outra ficção científica futurista de fundo humanista. Depois, ele emendou uma série de curtas em sua produtora independente, a Oats Studios. Agora em 2021, trabalha na pós-produção do terror Demonic.