O feriado de Corpus Christi, nesta quinta-feira (3), dará algumas horas extras para muita gente. Que tal aproveitar a chance para maratonar uma boa série policial, daquelas que nos fazem emendar um episódio no outro (tipo a recém encerrada Mare of Easttown)?
Separei cinco dicas disponíveis no streaming, todas com temporada única e cada uma de um país diferente. Tem minisséries bem curtinhas — quatro capítulos — e outras mais longas, mas a duração total não passa de oito horas, que é mais ou menos o tempo livre para quem pode curtir a folga do trabalho.
De duas delas eu já havia falado na coluna — se quiser saber mais, basta clicar nos links.
Collateral (4 episódios)
Indicada ao Oscar de melhor atriz por Educação e Bela Vingança, protagonista de Não me Abandone Jamais e coadjuvante de luxo em Shame e Drive, Carey Mulligan, por si só, justifica assistir aos quatro episódios de Collateral (2018). Trata-se de uma minissérie inglesa escrita pelo renomado dramaturgo David Hare, concorrente ao Oscar de roteiro adaptado por As Horas e O Leitor. Carey interpreta Kip Glaspie, uma detetive designada para o assassinato de um entregador de pizza que é baleado em um subúrbio de Londres. A partir daí, Hare lança mão de uma teia de personagens para discutir a atuação da polícia, do serviço secreto e do Exército, o papel da Igreja e dos partidos políticos, o sistema de imigração e o caldo que levou ao Brexit. (Disponível na Netflix)
A Louva-a-Deus (6 episódios)
Lançada em 2017, a minissérie francesa dirigida por Alexandre Laurent destaca uma atriz que ganhou estrelato na virada da década de 1970 para a de 1980: Carole Bouquet, hoje com 63 anos, estreou no cinema em Esse Obscuro Objeto do Desejo (1977), de Luis Buñuel, e foi uma Bond Girl em 007: Somente para Seus Olhos (1981), ao lado de Roger Moore. Na trama ambientada em Paris e construída de forma pacienciosa, a polícia procura por um psicopata que comete assassinatos inspirados nos crimes de Jeanne Deber (Carole Bouquet), conhecida como Louva-a-Deus, uma famosa serial killer que aterrorizou o país há 25 anos. Detida, Jeanne, num lance à la O Silêncio dos Inocentes, oferece sua expertise para a polícia, a fim de ajudar a caçar sua imitação. Mas há uma condição: ela quer lidar apenas com o detetive Damien Carrot (Fred Testot), seu distante filho. (Netflix)
O Maior Assalto (6 episódios)
Esta minissérie colombiana de 2020 eu ainda não vi, mas confio na dica de um amigo que, entre as produções latino-americanas do gênero, só a considerou inferior a Narcos (2015-2017). Com seis episódios, O Maior Assalto (no original, El Robo del Siglo) recria um caso real real ocorrido nos dias 16 e 17 de outubro de 1994, na cidade de Valledupar. Uma quadrilha levou o equivalente a US$ 33 milhões do Banco da República. Criados por Pablo González e C.S. Prince e estrelados, entre outros atores, por Andrés Parra (protagonista de Pablo Escobar: O Senhor do Tráfico), Christian Tappan e Paula Castaño (ambos de Distrito Selvagem), os seis episódios acompanham a preparação dos ladrões, a ação e a investigação policial. (Netflix)
Mare of Easttown (7 episódios)
Criada por Brad Ingelsby, dirigida por Craig Zobel e concluída pela HBO no domingo (30), Mare of Easttown traz uma Kate Winslet que nunca vimos, mas com o talento e a entrega de sempre. Sete vezes indicada ao Oscar, a atriz inglesa interpreta sua primeira detetive. Em uma entrevista, ela disse ter ficado fascinada com o "quem foi" desta minissérie policial, mas ressaltou que "não é só a história de um crime". Falou que é mais sobre como as pessoas reais vivem, lidam com coisas reais e como essas coisas reais nem sempre são felizes.
De fato, o crime descoberto ao final do primeiro dos sete episódios é chocante e misterioso, mas serve fundamentalmente como um catalisador dos dramas pessoais e familiares em uma pequena cidade dos Estados Unidos. A morte traz à tona relações e segredos guardados em vida, uma imagem reforçada pela ambientação numa estação fria, que obriga os personagens a se esconderem atrás de casacos, mantas e gorros. E — até os últimos instantes — todos os personagens têm o que ocultar ou algo do que não gostam de falar. (HBO Go)
O Inocente (8 episódios)
Com direção de Oriol Paulo, trata-se da mais recente adaptação de um livro do escritor Harlan Coben, o mesmo que deu origem à produção inglesa Não Fale com Estranhos e à polonesa Silêncio na Floresta, que foram lançadas no ano passado. Agora, é a vez da espanhola O Inocente, que se passa sobretudo em Barcelona e traz no elenco Mario Casas (do suspense Um Contratempo), Alexandra Jiménez (da comédia Toc Toc) e a argentina Martina Guzmán (do drama Leonera).
Bem, os idiomas mudam, mas as minisséries falam sempre a mesma língua. De novo, há um enigma policial que conecta as vidas de vários personagens, quase todos com alguns esqueletos no armário. E as tramas que correm em paralelo vão, por um lado, preenchendo o quebra-cabeças, por outro, reprisando dois temas: o peso do passado e o preço dos segredos. (Netflix)