Se você já foi a Murano, na Itália, e se encantou com a arte dos vidreiros, saiba que pode visitar pelo menos dois locais no Rio Grande do Sul que produzem peças, pequenas e grandes, usando essa técnica milenar. Ambos oferecem visitações turísticas, em Garibaldi e Gramado, na Serra.
Confira:
Em Garibaldi
Embora soubesse da existência desta empresa especializada em iluminação decorativa, só a visitei pouco tempo atrás. No tour de 45 minutos a uma hora, os atendentes da Madelustre contam um pouco da história da empresa, criada em 1984 e que, em 2008, passou a ter uma vidraria artesanal própria. Depois, em 2016, desenvolveu o roteiro "O fascinante mundo do vidro", que integra os atrativos da Secretaria de Turismo da cidade. É recomendável agendar a visita, que começa no pequeno memorial que conta um pouco da história do vidro. Em um palco, no mesmo ambiente, protegida por uma redoma, fica a estrela da miniexposição: uma peça que consta no Guiness Book como a maior taça de espumante do mundo — com 2m19cm e 33 quilos, recebeu 100,5 litros de espumante em 2014.
Na sequência, se vai até a fábrica, onde o mestre vidreiro produz os objetos que, no caso da Madelustre, têm foco em iluminação. Em poucos minutos, com sopro (a técnica pode variar), surgiram várias peças das mãos do artista: um vaso incolor, um peixe e um peso de papel coloridos. A visita acaba no showroom, com peças em exposição e à venda. O valor do ingresso pode ser abatido na compra de produtos.
Para ir
- A Madelustre fica na Rua Cristóvão Colombo, 190, em Garibaldi.
- Visitas às sextas (9h, 10h, 11h, 14h, 15h e 16h) e sábados (9h, 10h, 11h, 13h, 14h, 15h e 16h).
- Informações em visitacao.madelustre.com.br
Em Gramado
Com mais de duas décadas de existência, a Cristais de Gramado oferece uma experiência imersiva e espaços para compreender, ao vivo, como é a produção do vidro — os ambientes somam mais de 2 mil metros quadrados. No Espaço Cores e Curiosidades, é contada a história do vidro e, ao visitante, é oferecida a possibilidade de interação com uma instalação artística chamada Mundo das Lentes. Já na fábrica/ateliê, o coração do lugar, o contato é com os mestres vidreiros, em demonstrações em que dão forma às peças, produzindo miniaturas.
Outra atração disponível de hora em hora é A Voz do Cristal, na qual dezenas de taças produzem música — o local onde ocorre lembra a Piazza San Marco, ponto icônico de Veneza, e onde fica ainda o Ristorante Dei Maestri. Também aqui o tour acaba na loja, onde é difícil resistir aos objetos (mais de 4 mil). Ah, se você tiver interesse em joalheria, a daqui tem mais de 24 mil peças. Outra possibilidade é participar da produção de um vaso de Cristal Murano ou registrar sua imagem em 3D em um cubo de cristal.
Para ir
- A Cristais de Gramado fica na RS-115, 36.161, junto ao pórtico Gramado-Três Coroas.
- Todos os dias, das 8h30min às 17h30min (tour de 90 minutos). Para quem está hospedado em Gramado/Canela, oferece traslado gratuito, solicitado pelo (54) 3286-0100. Parte do ingresso é convertido em compras.
- Informações e ingressos: cristaisdegramado.com.br e (54) 3286-0100
O começo de tudo
Os guias oficiais da cidade contam que as vidrarias surgiram em Veneza antes do ano 1000 e sua transferência para Murano, onde ficaram famosas, não se deu por acaso. As autoridades de Veneza acharam assim uma forma de controlar o trabalho dos vidreiros, que teriam de morar na ilha, com sua circulação controlada, evitando que a arte de trabalhar o vidro fosse copiada e imitada. O que, resumindo a história, não conseguiram, já que a técnica se espalhou mundo afora. Mesmo assim, a cidade e seus profissionais obtiveram prestígio e até hoje a atividade segue um protocolo preciso.
Para quem vai a Veneza, Murano é uma visita quase obrigatória, ainda que os produtos estejam por toda parte na cidade. Uma vez na ilha de Murano, além dos locais de fabricação, uma atração recomendada é o Museu do Vidro. Ele existe desde 1861, com peças doadas por vidreiros, inicialmente, e depois compradas pela própria instituição, quando se tornou parte dos museus de Veneza, na década de 1920 — hoje há nele objetos que recontam a arte de trabalhar o vidro dos séculos 14 ao século 20.
Saiba mais em museovetro.visitmuve.it