Se você quiser conhecer um pouco mais sobre os produtos que detêm o selo de Indicação Geográfica (IG) no Brasil, a dica é estar em Gramado entre 15 e 18 de maio, quando ocorre a sétima edição do Connection Experience-Terroirs do Brasil. Dos 113 produtos reconhecidos com IG no país, a maioria no setor de alimentos e bebidas, mais de 50 estarão representados, participando da feira que integra o evento, do circuito gastronômico, das aulas-show e dos painéis e palestras (confira a programação completa em connectionexperience.com.br).
Embora pareça um tema de interesse restrito, a ideia do Connection é exatamente essa, desmistificá-lo: além de reunir produtores e empresários para troca de experiências, a proposta é também aproximar as pessoas dos produtos e serviços que receberam o reconhecimento, mostrando a importância do selo de autenticidade para o território no qual estão inseridos e para os consumidores.
— De nada adianta o selo se as pessoas não conhecem e valorizam os produtos. No caso dos produtores e empresários, é importante que troquem experiências e que estejam unidos no mesmo propósito — observa André Bordignon, gestor estadual de Indicação Geográfica do Sebrae-RS, que participa da organização do evento promovido pela Rossi & Zorzanello em parceria com o Sebrae.
Quer exemplos dos produtos gaúchos com a IG? O vinho do Vale dos Vinhedos, os doces de Pelotas, o arroz do Litoral Norte (veja a lista completa abaixo). Outros estão em processo, como a erva-mate do Alto Taquari. O Estado já foi o primeiro em número de IGs no país, mas agora ocupa o terceiro lugar, atrás de Minas Gerais e do Paraná.
O processo para obter o selo, aliás, pode ser caro e demorado — uma média de 24 a 30 meses, segundo Bordignon, nos casos mais rápidos e, dependendo dos estudos técnicos necessários, muito mais. Tudo começa com o interesse dos produtores e empresários. Após identificarem um produto de referência em sua região, precisam se unir em uma associação para encaminhar o pedido junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), responsável por analisar o dossiê e aprová-lo.
Mas para que serve, afinal, um selo de Indicação Geográfica?
Bordignon observa que ele não agrega valor ao produto por si só, mas exige estratégias que levam ao envolvimento de todos durante e depois do processo de reconhecimento.
— Deve-se estabelecer um padrão de qualidade, melhorando os processos de produção da região, formalizando e legalizando os negócios, desenvolvendo o território a partir do turismo, já que o produto em questão pode atrair as pessoas para a região. O produto é o chamariz — diz ele, exemplificando com o caso do Vale dos Vinhedos, que se expandiu como destino turístico após obter a primeira IG do país, em 2002.
Em média, a IG pode agregar 30% de valor ao produto e, em alguns casos, quando o foco é a exportação, o percentual pode ser muito maior. Certo é que o Brasil, com toda a sua extensão e diversidade, tem potencial para ter muito mais produtos reconhecidos — a França, por exemplo, conta hoje com cerca de 700 IGs.
O que é
A Lei da Propriedade Industrial divide as Indicações Geográficas (IGs) em duas espécies, o que não significa que uma seja melhor do que a outra — ambas servem ao mesmo propósito, ressalva André Bordignon:
- Indicação de Procedência (IP): valoriza os fatores naturais e humanos, a tradição produtiva e o fato de que tenha se tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço.
- Denominação de Origem (DO): aqui as características do território agregam diferenciais ao produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.
No site do INPI (www.gov.br/inpi), há um manual sobre o processo.
As IGs no Estado
- Pampa gaúcho da Campanha para a carne bovina e derivados (IP)
- Pelotas para os doces tradicionais de confeitaria e de frutas (IP)
- Litoral Norte gaúcho para o arroz (DO)
- Vale dos Vinhedos para vinhos e espumantes (IP)
- Vale dos Vinhedos para vinhos e espumantes (DO)
- Monte Belo para os vinhos e espumantes (IP)
- Altos Montes para vinhos e espumantes (IP)
- Farroupilha para o vinho fino branco moscatel, espumante moscatel (IP)
- Pinto Bandeira para os vinhos tintos, brancos e espumantes (IP)
- Campanha Gaúcha para vinhos e espumantes (IP)
- Vale do Sinos para couro acabado (IP)
- Gramado para chocolate artesanal (IP)
- Altos de Pinto Bandeira para espumantes (DO)
- Campos de Cima da Serra para o queijo artesanal serrano — parceria com SC (DO)
- Mel de melato da bracatinga do Planalto Sul-brasileiro — parceria com SC e PR (DO)
Em processo:
- Azeite de oliva de Viamão
- Erva-mate do Alto Taquari (7 municípios)
- Linguiça do Alegrete
- Mel branco de Cambará do Sul
A volta do Trem dos Vales
De julho a dezembro, o Trem dos Vales volta a promover passeios pelos trilhos da Ferrovia do Trigo, entre Muçum e Guaporé, passando por Dois Lajeados e Vespasiano Corrêa. A perspectiva para a sexta edição é realizar 92 passeios em 46 datas diferentes (veja no quadro). Pelo trajeto cinematográfico de 46 quilômetros devem passar cerca de 48 mil passageiros. Desta vez, os passeios terão apresentação e decoração temática, lembrando os 200 anos da imigração alemã no Estado, comemorados em 2024, e os 150 da imigração italiana, celebrados no ano que vem. O trem passa por 23 túneis e 15 viadutos da Ferrovia do Trigo. Entre as atrações do percurso está o Viaduto do Exército, ou V13, considerado o maior da América do Sul, com 143 metros de altura e 509 de extensão.
Saiba mais
As datas
- Julho: 6, 7, 13, 14, 20, 21, 27 e 28
- Agosto: 3, 4, 10, 11, 17, 18, 24, 25 e 31
- Setembro: 1, 7, 8, 14, 15, 20, 21, 22, 28 e 29
- Outubro: 5, 6, 12, 13, 19, 20, 26 e 27
- Novembro: 2, 3, 9, 10, 15, 16, 17, 23, 24 e 30
- Dezembro: 1º
Mais informações
- O valor do bilhete será de R$ 164 por pessoa (crianças até 5 anos que não ocupam assentos não pagam);
- Os passeios ocorrem duas vezes ao dia, com duração de duas horas e meia: de Guaporé a Muçum, às 9h30min, e de Muçum a Guaporé, às 14h30min;
- Informações e compra de bilhetes no site tremdosvales.com.br ou na central de atendimento via WhatsApp (44) 3307-9977.