Não houve interrupção em 2020, mas a 33ª edição do Festuris (Feira Internacional de Turismo de Gramado), a partir de quinta-feira (4), marcará um reencontro da região que mais recebe visitantes do Estado com gente que vive do turismo e para o turismo. A feira de negócios, com os protocolos exigidos para eventos desse porte, deverá ter o dobro de participantes do ano passado (de 5 mil para um total de 10 mil pessoas) e a expectativa de movimentar R$ 300 milhões em volume de negócios e de gerar um impacto de R$ 20 milhões na cidade.
Ainda que a pandemia não tenha causado um hiato, a crise gerou mudanças no evento que tem como tema "A Era da Transformação", e ele passou a dar mais espaço para conteúdo e experiências que vão de lições de superação e depoimentos de empresários (entre eles o empresário José Galló e o diretor-presidente da Azul, John Rodgerson) à presença de benzedeiras.
Confira um resumo do que o Festuris apresentará e reflexões sobre o momento do turismo em conversa com Eduardo Zorzanello, CEO do evento, e Marta Rossi, fundadora da feira, homenageada há pouco com uma das 100 pessoas mais influentes do setor no país.
Diferenças entre 2020 e 2021
"No ano passado, a adaptação a uma nova realidade levou a feira a ser confirmada apenas 45 dias antes de seu início (foi o primeiro evento de turismo presencial da América Latina após o começo da pandemia) e foi preciso convencer os participantes ao mesmo tempo em que eram negociados os protocolos com o governo do Estado. O número de presentes se reduziu de mais de 17 mil, em 2019, para 5 mil em 2020. Fizemos um investimento para não deixar o trade turístico esmorecer e se desencorajar. Neste ano, estamos mais seguros com os protocolos, mas a instabilidade geral fez com que as pessoas deixassem para confirmar nos últimos 30 dias. Muitos expositores gostariam de fazer o evento como era no passado, com um lado gastronômico e cultural fortes, o que não será possível. Teremos uma área de alimentação onde as pessoas terão de sentar para comer e beber ou, nos estandes, os expositores seguirão as mesmas regras da praça de alimentação. Todas essas normas e explicações nos exigem bastante esforço".
O momento do turismo
"O que temos visto é que o turismo interno está altamente aquecido e seguirá assim pelo menos até os países terem uma unificação de políticas sanitárias. Não basta a reabertura da fronteira: as pessoas precisam ter segurança sobre os protocolos de cada um. Mas esse olhar para dentro, para conhecer ou rever, que ocorre em outros lugares também, vai continuar forte. Muitos de nós tínhamos abandonado o turismo interno, buscando destinos internacionais cada vez mais exóticos. Nos próximos meses, a retomada internacional será forte em relação a 2020, mas para chegar aos números de 2019 o processo ainda será lento. Além das barreiras sanitárias, para ir ao Exterior o brasileiro tem o problema da desvalorização da moeda".
Segmentação
"Uma coisa na qual se pode apostar é o turismo de natureza e de experiência. As pessoas estão sedentas: querem fazer trekking, conhecer cachoeiras, ter contato com a natureza. Têm ganhado destaque o agroturismo, a gastronomia e o turismo cultural. Até mesmo o turismo religioso cresce e parece que, mais do que nunca, a fé é exercida - temos visto isso na região com os Caminhos de Caravaggio. Também percebemos que os turistas com mais de 60 anos, que estão tomando a terceira dose, estão viajando mais. Aquele período de confinamento fez as pessoas notarem que as limitações que se impunham, como as questões financeiras, ganharam outra dimensão. Havia os que achavam que viajar significava só percorrer grandes distâncias e não consideravam turismo uma caminhada nas Missões, por exemplo, mas agora mudaram sua percepção".
Tendências no setor
"Grandes empresas que tinham foco 100% no corporativo estão migrando para o lazer, que é o que mais cresce. Muita gente continua em home-office e percebeu que pode colocar o computador debaixo do braço e fazer viagens de lazer enquanto trabalha. O turismo corporativo talvez seja o último a voltar, até porque as empresas entenderam que podem deixar as reuniões presenciais para momentos mais exclusivos. Algo que veio para ficar é a preocupação com a higienização e o compartilhamento de informações e a colaboração também ficaram mais importantes. Mas ainda é um momento de indefinição, de avanços e retrocessos. Isso vale para tudo, incluindo os serviços".
O RS nesse contexto
"Destinos novos começaram a ser divulgados e outros entenderam que o turismo pode ser um vetor de desenvolvimento. Alguns exemplos: a construção do Cristo Protetor de Encantado, o fortalecimento das Missões e do Salto de Yucumã, assim como de Ametista do Sul, e a região da Campanha trazendo a olivicultura e o enoturismo. São destinos que vemos com mais força no Festuris".
Reinvenção dos agentes
"Desde o início da pandemia, os agentes de viagem ficaram mais importantes, são eles quem estão entendendo protocolos no mundo inteiro. O mercado e os usuários se deram conta do quão importante é a presença deles. Há um movimento unindo mais agentes de viagem, agências, entidades, para discutir questões relacionadas ao setor e trabalhar de forma mais cooperativa. Muitos que tinham dificuldade para entender e aceitar a tecnologia não têm mais escolha e estão se adaptando".
Transformação e superação
"Uma das novidades da feira é o Meeting Festuris, eixo de palestras com nomes importantes para conversar com o trade. Entre os convidados está o esgrimista Jovane Guissone, medalha de ouro e prata nos Jogos Paralímpicos, um exemplo de superação. Queremos mostrar que o turismo foi, sim, muito afetado com a pandemia, mas o esporte e a cultura também foram. Jovane, mesmo tendo limitações, atravessou o mundo, foi lá e ganhou medalhas. A ideia do Meeting é mostrar que dá para se reinventar, se superar, retomar o crescimento. Vamos oferecer mentorias pela primeira vez, em diferentes temas, para um pequeno número de pessoas. Outra novidade são as experiências para as pessoas relaxarem depois de tanta tensão, mostrando vivências como a de um atelier de arte dentro do espaço da feira e até de benzedeiras das Missões. Também queremos reforçar a ideia da sustentabilidade. A ideia é acrescentar conteúdo e leveza à feira de negócios".
O evento
- De 4 a 7 de novembro, com solenidade de abertura às 19h30min do dia 4, no Palácio dos Festivais (o local estará aberto a partir das 18h30min, para cumprimento do controle sanitário). O restante do evento será no Centro de Feiras Serra Park (pela manhã, Meeting Festuris; à tarde, feira de negócios)
- 22 mil metros quadrados de área e mais de 2 mil marcas em exposição
- 10 mil participantes (com controle de acesso simultâneo) e 20 países representados
- 350 jornalistas e influenciadores
- Mais de 100 atividades incluindo palestras, mentorias, capacitações, experiências, shows, sessão de autógrafos, atrações artísticas e culturais
- Credenciamento online e apresentação obrigatória da carteira de vacinação, impressa ou digital
- Uso de máscara e álcool gel, controle de temperatura, distanciamento, higienização e testagem para os trabalhadores
- Outras informações em festurisgramado.com
Gastronomia em Canela
- Até 9 de janeiro, em Canela, a dica é acompanhar a primeira edição do Festival de Gastronomia & Vinhos, unindo experiências de restaurantes e vinícolas com um toque solidário. Na Praça João Corrêa, uma estrutura com mais de 2 mil metros quadrados recebe 10 estações gastronômicas comandadas por 23 chefs e restaurantes locais, de quinta a domingo, das 11h às 22h (excepcionalmente nesta terça-feira, feriado, também funcionará, das 11h às 20h). Os pratos salgados são vendidos a R$ 30 e os doces, a R$ 20. Para cada ticket vendido, 1kg de alimento será doado à prefeitura para distribuição a entidades assistenciais. O festival integra as atividades paralelas do 34o Sonho de Natal. Confira a programação em @gastronomiaevinhos.