A pouco mais de seis meses da eleição municipal, o PSDB do Rio Grande do Sul vive um cenário que, no mínimo, pode ser definido como desanimador. A começar pela indefinição em Porto Alegre — inadmissível para qualquer partido que almeja ser grande —, o quadro é dramático nas principais cidades grandes e médias do Estado. É real o risco de perder Santa Maria, Caxias do Sul e Pelotas, três das cidades com mais de 200 mil eleitores que governa hoje.
A presidente estadual do PSDB, Paula Mascarenhas, reconhece que o partido está atrasado nas articulações, mas diz que há tempo para se recuperar:
— No momento, estamos ouvindo a voz do eleitor, percorrendo o Rio Grande com a Caravana 45 e conversando com prefeitos e vereadores que podem migrar para o PSDB até 5 de abril. Encomendamos pesquisas quantitativas e qualitativas para nortear as decisões.
Em Porto Alegre, Paula ainda tem esperança de convencer a deputada Nadine Anflor a transferir o título de Getúlio Vargas para a Capital e concorrer. Diz que Nadine poderia ser a terceira via em uma eleição que hoje tem delineada uma disputa entre o prefeito Sebastião Melo (MDB) e a deputada Maria do Rosário (PT). A definição era para ter ocorrido em fevereiro, mas o PSDB está chegando ao final de março na condição de quem "largou parado".
O presidente municipal do PSDB, Moisés Barboza, discorda:
— Enquanto a maioria dos partidos discutiam nomes para concorrer a prefeito nós construímos uma forte nominata de vereadores. Agora estamos decidindo quem representará esse time. Temos cinco bons nomes. Assim que fechar a janela partidária, poderemos divulgar quais.
Dos cinco, três são conhecidos: Nadine, Any Ortiz (Cidadania) e Artur Lemos, atual chefe da Casa Civil. Sobre os outros dois, Moisés faz mistério. O ex-prefeito Nelson Marchezan está fora do jogo: afastou-se da política partidária em 2020 e não fez nenhum movimento para retornar.
Na terra de Paula, Pelotas, o PSDB está no terceiro mandato consecutivo, dois dela e um de Eduardo Leite, mas não conseguiu definir o sucessor. O deputado federal Daniel Trceziak, que seria o candidato natural, hesita em aceitar o encargo, já que isso significaria para a Zona Sul a perda de um parlamentar. Isso impacta na destinação de emendas, por exemplo, essenciais para os municípios da região que representa.
Nas pesquisas, outros nomes estão sendo testados, como o vice-prefeito de Pelotas, Idemar Barz, e o gerente de Planejamento e Desenvolvimento da Portos RS, Fernando Estima. Embora reconhecido como bom gestor, falta a Estima a experiência das urnas, já que nunca exerceu mandato eletivo.
Em Caxias do Sul, o prefeito Adiló Didomenico vê se desmanchar a aliança com a qual governou até agora, com o surgimento da candidatura do vereador Maurício Scalco (PL), ligado ao bolsonarismo, e que já assegurou apoio do PP e do Podemos. Paula, no entanto, acredita que Adiló tem como dar a volta por cima se conseguir o apoio do MDB e o ex-governador José Ivo Sartori se engajar na campanha.
A situação não é diferente em Santa Maria, embora o prefeito Jorge Pozzobom aposte no seu vice, Rodrigo Décimo, que irá se filiar ao PSDB nos próximos dias. O problema é que o deputado Valdeci Oliveira (PT), que já foi duas vezes prefeito, é um adversário forte na cidade, que já tem o ex-deputado Giuseppe Riesgo (Novo) lutando pelos votos do centro e da direita.
O PSDB está fragilizado em Canoas, outra cidade com possibilidade de segundo turno. Perdeu a prefeita de Novo Hamburgo, Fátima Daudt, para o MDB por incompetência da direção anterior, e seu maior líder na cidade, o deputado Lucas Redecker, não quer concorrer a prefeito.
Em Passo Fundo, com a tendência de reeleição do prefeito Pedro Almeida (PSD), os tucanos não têm um candidato competitivo.