Em nenhum dos cinco maiores colégios eleitorais do Rio Grande do Sul, onde há chance de segundo turno, o cenário pré-eleitoral está tão indefinido quanto em Canoas. Se até alguns meses atrás o prefeito Jairo Jorge (PSD) seria candidato natural e óbvio à reeleição, o seu afastamento do cargo pela Justiça Federal, em novembro, embaralhou as cartas e lançou incerteza sobre os nomes que estarão nas urnas em outubro.
Presidentes de diferentes partidos, da esquerda à direita, ouvidos pela coluna estão em compasso de espera até que a situação de Jairo seja definida pela Justiça. Os líderes partidários e a defesa do prefeito ressaltam que, mesmo afastado até maio, em princípio, ele permanece elegível.
A avaliação é de que Jairo ainda é favorito à reeleição, mesmo após o desgaste público provocado por três afastamentos desde 2021. Mas a principal dúvida é se terá condições de concorrer, dos pontos de vista jurídico e político.
Representante da defesa, o advogado Paulo Olimpio Gomes de Souza ingressou com habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que Jairo reassuma o cargo. A ação só deverá ser julgada em fevereiro, após o recesso do Judiciário. Em dezembro, outro recurso com o mesmo objetivo foi rejeitado pelo ministro Sebastião Reis Júnior, do STJ.
O cálculo dos líderes partidários é simples: se Jairo voltar ao cargo, cresce a possibilidade de ser apoiado na busca pela reeleição. Se permanecer afastado da prefeitura e ainda sujeito a novos reveses judiciais — incluindo eventual condenação no processo pelo qual foi afastado —, partidos aliados devem procurar nomes alternativos para o pleito.
Adversário de Jairo em 2020, o deputado federal e ex-prefeito Luiz Carlos Busato emite sinais de que não almeja disputar a prefeitura. Rivais históricos no município, Jairo e Busato ensaiaram reaproximação ao longo do último ano. Aliados do prefeito afastado miram o apoio de Busato e sugerem o nome do filho do deputado, Rodrigo Busato, como possível vice de Jairo.
Prefeito em exercício de Canoas, Nedy de Vargas (Avante) está brigado com o grupo político de Jairo. Nedy foi convidado para filiar-se ao PSDB, mas diz que ainda não decidiu se irá disputar a eleição.
Com cargos na gestão do prefeito afastado, o PT ainda não decidiu se terá candidato próprio. O partido tende a apoiar Jairo, caso esteja apto a concorrer.
Já o PL planeja ter candidatura própria, mas ainda não definiu o nome. Ex-tucano e ex-secretário de Jairo Jorge, o advogado Felipe Martini filiou-se ao PL com a promessa de Giovani Cherini, presidente do partido, de que será candidato a prefeito.
Procurado, Jairo respondeu que está afastado das discussões sobre a eleição.