Em negociação pelos caciques partidários no Congresso, a federação entre PP, Republicanos e União Brasil teria como efeito direto no Rio Grande do Sul a formação da maior bancada da Assembleia na atual Legislatura. Juntas, as três legendas somariam hoje 15 deputados estaduais (sete do PP, cinco do Republicanos e três do União), ultrapassando a federação de PT e PCdoB, com 12 parlamentares.
Transitando entre a direita e centro-direita, os três partidos integram a base do governo Eduardo Leite e acompanham a orientação do Piratini na maioria das votações.
Em Brasília, o cenário é mais complexo: as siglas indicaram ministros para o primeiro escalão do presidente Lula, mas a maior parte dos parlamentares gaúchos de PP, Republicanos e União se declara independente ou oposição ao Planalto. Juntas, as agremiações reuniriam seis deputados federais e dois senadores.
Cientes das tratativas, os presidentes estaduais dos três partidos dizem que ainda é cedo para dizer se as siglas caminharão juntas nas eleições de 2024. Luiz Carlos Busato ressalta que, se depender da vontade do União Brasil, a federação só sai depois da disputa municipal.
— Há um consenso nosso de que tudo bem, vamos conversar sobre a federação, mas depois da eleição municipal, porque aí nosso partido já vai estar grande — avalia Busato.
O cálculo eleitoral de Busato é explicado pelo reduzido número de vereadores e prefeitos do União, partido que ainda não disputou eleição municipal desde a fusão entre PSL e Democratas, no início de 2022. A avaliação é de que a federação com PP e Republicanos deixaria o União em desvantagem, pois as duas primeiras legendas estão mais estruturadas nos municípios.
Presidente do PP no Estado, o deputado federal Covatti Filho afirma que é grande a chance de que a federação seja concretizada neste ano. Não há certeza, porém, se o acerto valeria já para as eleições municipais.
Covatti explica que, do ponto de vista da disputa de forças em Brasília, a federação pode fortalecer os partidos na escolha dos sucessores de Arthur Lira (PP-AL), na Câmara, e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Senado, nas eleições marcadas para o início de 2025:
— Eu fui consultado pelo presidente nacional do Progressistas, o Ciro (Nogueira), e não me opus a essa federação, por entender que aqui para o Rio Grande do Sul seria muito boa. É uma conversa que já saiu dos bastidores.
Por ser o maior entre os três partidos no Estado em número de prefeitos e parlamentares, caberia ao PP o comando da federação no Rio Grande do Sul.
O presidente estadual do Republicanos, Carlos Gomes, minimiza o impacto das tratativas, classificadas por ele de "especulações". Gomes diz que ainda não tem uma avaliação de prós e contras sobre a possível federação e ressalta que os líderes regionais do Republicanos não foram chamados pela direção nacional para tratar do assunto.
— Se evoluir e tiver consistência, vou analisar para chegar a uma conclusão. Por enquanto, é só especulação — observa Gomes.
Aliás
A articulação entre PP, Republicanos e União Brasil pode ser interpretada como uma forma de aumentar ainda mais o poder de decisão dos partidos no Congresso. Juntas, as legendas têm hoje 151 deputados federais, o equivalente a 30% das cadeiras na Câmara. No Senado, os partidos teriam 17 dos 81 assentos.