O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
A ausência de praticamente todos os quadros relevantes da oposição no evento que marcou um ano dos ataques de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, indica que os efeitos da polarização política do país se sobrepõem aos gestos institucionais.
Celebrada como a "festa da democracia" pelo governo Lula, por seus apoiadores e pelos chefes dos poderes Legislativo e Judiciário, a cerimônia foi desprezada pelos líderes da direita e pelos simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, que a enxergaram como um simples ato político.
Governadores de oposição alegaram férias e outros compromissos previamente agendados para não comparecer. Senadores lançaram uma nota crítica ao evento, em que protestam contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmam que o governo Lula falhou ao conter os vândalos que atacaram as sedes dos três poderes.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), foi um dos únicos políticos críticos ao governo federal a participar do ato — atitude que demarca a diferença do tucano para a oposição bolsonarista.
A escolhida para falar em nome dos governadores no ato foi Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte. Aliada de Lula, ela substituiu o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), líder do Fórum de Governadores, que está de férias nos Estados Unidos até 15 de janeiro.
Um dos cotados para liderar a direita nas próximas eleições presidenciais, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), chegou a confirmar presença horas antes do evento, mas, pressionado por correligionários, acabou desistindo da ideia.
No seu discurso lido no evento, Lula adicionou lenha na fogueira ao descrever o antecessor como "o ex-presidente golpista". Depois, no trecho em que defendeu a segurança das urnas eletrônicas, sugeriu que os três filhos de Bolsonaro renunciem aos mandatos por questionarem o atual sistema de votação.