
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
O delegado nacional no Comitê Científico de Pesquisas Antárticas do Conselho Internacional de Ciências e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Jefferson Simões, participou nesta quarta-feira (14) de uma audiência na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informática do Senado. No evento, apresentou o Programa Antártico Brasileiro (Proantar), destacando sua importância estratégica para o país, os avanços conquistados e os desafios futuros.
A sessão foi organizada pelo senador e ex-astronauta Marcos Pontes (PL-SP) para discutir a ciência antártica e ampliar o debate sobre a ciência polar brasileira, com ênfase nas mudanças climáticas. Simões ressaltou a relação entre os processos climáticos da Antártica e os eventos extremos que atingiram o território gaúcho em 2023 e 2024.

— Esse foi um dos pontos enfatizados, porque às vezes se esquece que aquele processo existiu também devido à interação das massas de ar que vinham da Antártica com aquelas que vieram pelos rios voadores lá da Amazônia, ou seja, o processo é casado, acoplado, como os cientistas dizem. E é claro, outro grande assunto é a questão de desenvolvimento — explicou Simões, que liderou entre o fim do ano passado e o início deste ano uma expedição de circum-navegação de 70 dias, com 29 mil quilômetros navegados.
O professor destacou que a parte científica do Proantar ainda é subfinanciada. O ideal seria que cerca de 10% dos recursos do programa fossem destinados a ciência e tecnologia, mas atualmente universidades, pesquisadores, bolsas e laboratórios recebem apenas cerca de 4%.
— O Brasil está investindo cerca de R$ 8 milhões por ano em ciência e tecnologia antártica, isso é muito pouco. O assunto final foi exatamente iniciar a abertura de um processo de criar um marco regulatório para a pesquisa polar brasileira — afirmou.
Simões mencionou ainda que já está em tramitação no Congresso Nacional a proposta para a criação do Tratado de Svalbard, que integra o arquipélago de soberania norueguesa no Ártico. O acordo permitiria aos países signatários realizar pesquisas e explorar recursos naturais de forma sustentável na região.