Se o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não tem culpa no desvio de recursos do Fundeb para a compra superfaturada de kits de robótica para escolas de 43 municípios de Alagoas, deve ser o primeiro a apoiar a investigação da Polícia Federal. Se resistir ou ameaçar retaliar o governo por incluir na investigação seu ex-assessor Luciano Cavalcante, hoje lotado na liderança do PP, estará dando atestado de que tem algo a esconder.
Na quinta-feira, na operação que investiga o desvio de recursos da educação, a Polícia Federal encontrou um cofre com R$ 4,4 milhões em Maceió. Também foram encontrados carros de luxo.
O dinheiro estava na sede de uma empresa investigada por vender os kits, não entregar e ainda repassar dinheiro para políticos. As imagens são impressionantes. É muito dinheiro para ser guardado por um lambari.
Se fosse dinheiro limpo, obtido de forma legal, estaria guardado no banco. O fato de estar empilhado em um cofre sugere que a origem é ilícita.
A primeira reação pública de Lira foi dizer que cada um é responsável por seu CPF e que ele não tem nada a ver com esse escândalo. Nos bastidores, o presidente da Câmara se mobilizou para descobrir se há alguma digital do governo na operação. A desconfiança é de que a PF agiu a mando do governo para constrangê-lo, depois da queda de braço na votação da medida provisória que reorganiza a estrutura dos ministérios, aprovada um dia antes de perder a validade.
O que incomodou Lira foi a apreensão do celular e do computador de Luciano Cavalcante, pelo volume de informações que podem ser localizadas no aparelho ou na nuvem.
ALIÁS
A pressão de Arthur Lira para que o presidente Lula entregue o Ministério da Saúde ao PP deve ser rechaçada a qualquer custo. A ministra Nísia Trindade vem trabalhando de forma correta e zelando por um orçamento bilionário que é o sonho dos políticos aliados.