No debate presidencial de segundo turno organizado por Grupo Bandeirantes, TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo, em outubro de 2022, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliou que "não é prudente, não é democrático um presidente da República querer ter os ministros da Suprema Corte como amigos".
A resposta veio após questionamento elaborado pela jornalista Vera Magalhães, apresentadora da TV Cultura, que perguntou a Lula e a Jair Bolsonaro (PL) se os dois se comprometiam "a respeitar a separação dos poderes e a sua independência". A indagação fazia referência a propostas que tramitavam no Congresso que buscavam alterar a composição do Supremo Tribunal Federal (STF) ou estabelecer mandatos para os ministros.
Lula começa respondendo que o Brasil já teve "uma experiência no tempo da ditadura militar de mudar a composição da Suprema Corte", com o presidente Castello Branco, que "mudou de 11 para 17" o número de magistrados. Em seguida, o petista emendou:
— Não é prudente, não é democrático um presidente da República querer ter os ministros da Suprema Corte como amigos. Você não indica um ministro da Suprema Corte para votar favorável a você ou te beneficiar. Os ministros da Suprema Corte têm que ter currículo, as pessoas têm que ter história, têm que ter biografia, e essa gente têm que fazer o que precisa ser feito.
O então candidato do PT prossegue:
— E eu tenho orgulho, porque foram os ministros que eu indiquei que votaram células-tronco, Raposa Serra do Sol, união civil. Ou seja, foram pessoas que tiveram uma postura de dignidade. Eu sinceramente estou convencido que tentar mexer a Suprema Corte para colocar amigo, companheiro, partidário, é um atraso, é um retrocesso que a República brasileira já conhece muito bem, e eu sou contra.
No final da resposta, Lula abre a possibilidade de discutir, futuramente, mudanças no STF por meio de uma constituinte.
— Eu acho que a gente pode discutir no futuro, se tiver uma nova constituinte, quem sabe ter mandato ou não, quem sabe as pessoas deem uma limitação maior, mas eu acho que a Suprema Corte tem que ser escolhida por competência, currículo e não por amizade.